Instalado o governo absolutista de D. Miguel, era designado Procurador Letrado de Lisboa na Junta dos Três Estados (1828), tendo desempenhado um papel bastante interventivo na legitimação de D. Miguel. Ficaria afamado o discurso pronunciado por si nessas Cortes, onde explicitou os motivos porque, de acordo com as leis sucessórias e com o estipulado nas apócrifas Cortes de Lamego, legitimavam D. Miguel I e consideravam D. Pedro IV como usurpador, ainda que fossem irmãos.

Pouco depois, publicaria a sua última obra, as Considerações políticas e comerciais sobre os descobrimentos e possessões dos Portugueses na África e na Ásia (1830). No decurso da guerra civil entre liberais e absolutistas (1832-1834), abandonaria precipitadamente Lisboa devido a um surto de cólera. Residiria algum tempo nas Caldas da Rainha, onde escreveu o Boletim do Exército de D. Miguel e retornaria a Sarzedo (Arganil). Morreu em circunstâncias não inteiramente esclarecidas, a 6 de Maio de 1834, sozinho e abandonado num palheiro onde se refugiara das perseguições exortadas contra os partidários de D. Miguel.

Ao assumir a argumentação acérrima da causa miguelista, José Acúrsio das Neves não acataria as directivas da revolução liberal, apelava a um regresso aos modelos sociais e políticos do Antigo Regime, não deixando de combater todas as formas de despotismo, ainda que reconhecesse a necessidade da força para a conservação da ordem e coesão sociais. Não obstante o seu percurso político brilhante e a sua superioridade enquanto economista, a sua obra aguardou décadas para ser redescoberta: “Convicto na ideologia política absolutista, facciosamente liberal na sua economia e colonizador inveterado, Acúrsio das Neves sentiu, numa época onde as ideias se pagavam com perseguições alternadas, a necessidade de se refugiar do liberalismo político então em perspectivas de concretização para que pudesse sobreviver às intempéries dum regime que, porque demorado a definir-se, ainda lhe deu ouvidos não só aceitando a sua bibliografia, como possibilitando-lhe a publicação na «Impressão Régia». Mas, porque a história é o melhor tribunal de qualquer pessoa, ei-lo que teve de morrer refugiado desse liberalismo do qual economicamente se disse defensor mas do qual no campo ideológico foi um dos seus agressores” (Luís Marques Alves, «José Acúrsio das Neves, o “Liberalista” colonizador», 1978, pp. 358-359).

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