Em 1963, saía publicada a sua dissertação de doutoramento em História, intitulada Dom Frey Gomez, abade de Florença (1420-1440), 1963. A documentação e bibliografia coligidas para a investigação de doutoramento, sobretudo a primeira (ele que não concebia trabalho científico sem primeiro “enfarinhar as mãos” nas fontes), mergulharam-no a fundo no agitado mundo clerical da península itálica, posterior a Constança-Basileia, sobretudo nos temas da reforma da Igreja, imersão que explicaria o seu interesse reforçado pelo reinado de D. Duarte e pelas figuras do rei Eloquente e do seu irmão D. Pedro, patrono do Abade Gomes. Trabalhos como “Nótulas de história do século XV português” (Do Tempo e da História, 1965), “Guerra Santa – Santa ‘Pirataria’” (Brotéria, Vol. XC [1970]), “Política hospitalar de D. Duarte. Achegas Vaticanas” (1973) e “Parecer do Doutor ‘Velasco di Portogallo’ sobre o Beneplácito Régio (Florença, 1454)” (Do Tempo e da História, II, 1968) espelham o muito que colheu e, mais tarde, foi amadurecendo e publicando.

Este último trabalho marcava a primeira publicação com Martim de Albuquerque, amigo feito na vida universitária, juntamente com o irmão, Ruy de Albuquerque. À amizade pelos irmãos juntava-se a do pai, Mário de Albuquerque, docente na Faculdade de Letras, apoio inestimável na Faculdade aquando do doutoramento e, mais tarde, incentivando-o no novo percurso iniciado em 1964 ao assumir na escola o ensino da Paleografia, sua agulha e norte a partir de então e para sempre. Saído já depois da sua morte, ocorrida em Novembro de 2008, o último texto publicado por Eduardo Borges Nunes, foi precisamente um artigo para o livro em homenagem de Mário de Albuquerque, “Algumas amostras da minha Paleografia” (Estudos em memória do Professor Doutor Mário de Albuquerque, Lisboa, 2009).

Aí nos relata o começo da sua aventura paleográfica: “Foi em 20 de Novembro de 1964, na Faculdade de Letras, que a Professora Virgínia Rau me propôs a cadeira de Paleografia.” Terreno que não mais deixaria, abrindo na sua escola uma área científica inexistente na universidade portuguesa – já que, como na generalidade do ensino superior em Portugal, a Paleografia e a Diplomática (esta pouco praticada, mas muito encorajada) eram vistas como mero auxiliar ao serviço dos apêndices documentais de teses, ou da publicação de fontes – esta escassa e, como sempre avisava, por regra de fraco nível.

1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | (Pdf)