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MARTINS, José Vitorino de Pina | |||||||||||||
É ainda como Duarte de Montalegre que dará à estampa, em 1954, durante a campanha internacional a favor da libertação de Ezra Pound, o texto da emissão transmitida pela estação do Vaticano e pela Radio Italiana a 30 de Março de 1945 (Promethée enchainé. Émission de la Radio du Vatican sur le cas de Ezra Pound – Prometheus Bound. Vatican radio Broadcast on the Case of Ezra Pound, Roma, 1945). A última obra que assinou com pseudónimo foi Ensaios de Literatura Europeia, vinda a lume em 1963, no mesmo ano em que, fruto de colaboração com a livraria antiquária ‘O Mundo do Livro’ publicou em Lisboa, com o seu nome, uma edição anastática da Apologia propositarum suarum: texto da edição de 1532 de Giovanni Pico della Mirandola, com um estudo introdutório. Esta data, que coincide com as celebrações do V Centenário daquele autor, assinala uma viragem no percurso intelectual de José V. de Pina Martins, que parece ter optado, definitivamente, a partir de então, por temas ligados à História do Livro e à História das Mentalidades do Humanismo e do Renascimento. A paciente reunião de volumes destinada a alimentar a Biblioteca de obras raras sobre temas renascentistas iniciada em 1951 – a que o bibliófilo chamava “Biblioteca de Estudos Humanísticos” – foi acompanhada de investigações cada vez mais centradas, quer na vertente a que hoje chamaríamos “bibliografia material”, quer na vertente da exploração histórica de fontes documentais pertinentes para a História da circulação de ideias, de textos e de imagens na Europa da primeira Idade Moderna. Parte considerável dos seus estudos centram-se em figuras-chave – como Giovanni Pico della Mirandola, Dante Alighieri, Francesco Petrarca, Pietro Bembo, Aldo Manuzio, Garcilaso de la Vega, Erasmo de Roterdão, Thomas More, Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro, Damião de Góis, Camões, Jerónimo Osório –, que lhe permitiram focar, a partir de estudos de caso, hipóteses de trabalho e questões teóricas e metodológicas abrangentes. A frequência assídua do mercado livreiro internacional e o aprofundado conhecimento das técnicas dos primeiros tempos da imprensa de tipos móveis no Ocidente, aliados ao estudo da expansão e da evolução desta arte nas várias regiões europeias estão na origem da identificação de obras portuguesas desconhecidas ou falsamente atribuídas, que Pina Martins resgatou para o património bibliográfico nacional. Foi o que aconteceu com o mais antigo livro impresso, datado, em português, o Tratado de Confissom, publicado em Chaves, em Agosto 1489, cuja existência o estudioso anunciou num artigo de fundo do Diário de Notícias em 1965, cuja edição publicou em 1973, e cuja compra pela Biblioteca Nacional de Portugal, em 1982, promoveu e mediou. Foi também o caso do opúsculo Modus curandi cum balsamo (c. 1530),um texto médico impresso em Portugal no século XV, do qual apenas se conhece um exemplar, identificado por Pina Martins a partir da análise das gravuras xilográficas usadas no frontispício. Esta obra, que terá saído da oficina lisboeta de Germão Galharde, foi também adquirida pela Biblioteca Nacional, por seu intermédio, em 1985. Deve-se ainda a Pina Martins, a descoberta do exemplar único de uma edição das Poesias de Garcilaso de la Vega publicada em Lisboa, em 1587, por Manuel de Lyra, que o bibliófilo adquiriu em 2004 para a sua ‘Biblioteca de Estudos Humanísticos’, e de cuja existência deu notícia, quer nos círculos eruditos que frequentava, quer na imprensa. |
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