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Professor universitário, crítico literário e historiador da literatura. De origem humilde, Aníbal de Castro (AC) frequentou o Liceu Normal de D. João III, onde, em 1955, concluiu o curso complementar (alínea a). Matriculou-se depois na Faculdade de Letras de Coimbra. Aí viria a obter todos os graus académicos e aí desenvolveu a maior parte da sua atividade de docente e investigador. Foi um dos mais conceituados e influentes representantes da escola filológica que remonta a Carolina Michaëlis de Vasconcelos, continuada por Joaquim Mendes dos Remédios e Álvaro Júlio da Costa Pimpão. Ressalvando as diferenças epocais e idiossincrásicas, pode dizer-se que esta escola assenta numa visão positivista da história e surge norteada por uma ética cívica e institucional: dar a conhecer a literatura portuguesa, com o máximo de rigor possível, através do estudo de textos e contextos. Este propósito segue aliás, de perto, um amplo movimento que surge nas universidades europeias por finais do século XIX, empenhado na construção de uma história da civilização ocidental, a partir do fenómeno linguístico e literário. De forma direta ou indireta, AC deve ser considerado como um dos primeiros e mais importantes cultores do comparatismo na história literária portuguesa. Tendo iniciado a sua carreira académica em 1961, com a publicação de uma tese de licenciatura sobre a influência de Balzac na literatura portuguesa, AC viria a distinguir-se, na sua geração, por um alargamento de horizontes que resultava do conhecimento amplo e profundo das literaturas românicas e também clássicas, com destaque para a literatura latina. Esse conhecimento permitia-lhe não apenas a pesquisa de fontes no sentido mais convencional da palavra como o conduzia a aproximações de intertextualidade fecunda, no domínio da recepção ou da chamada “fortuna literária” dos autores e dos períodos ou movimentos que os enquadravam. Sem prejuízo da importância de que se revestem outras realizações, o seu maior contributo para a construção da moderna história da literatura portuguesa é, sem dúvida, a dissertação de doutoramento que apresentou em 1973 e que viria a reeditar nos anos finais da sua vida. De facto, a referida obra mobiliza um vastíssimo acervo documental impresso e manuscrito, com destaque para documentos que se encontravam inéditos ou que se encontravam por estudar. Valorizando a importância da retórica e da poética normativa para o conhecimento da criação literária mas também para a pedagogia e a transmissão dos bens culturais em geral, AC construiu não apenas uma obra inovadora no panorama da cultura portuguesa e peninsular como uma referência ainda indispensável a quem queira compreender, em profundidade, a evolução da dinâmica literária em Portugal e em Espanha, ao longo de mais de três séculos (entre o Humanismo e o Neoclassicismo). |
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