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O seu gosto particular pela figura e pela obra de António Vieira começou durante a estadia em Itália, beneficiando de dois fatores: o conhecimento que possuía já dos códigos do Barroco europeu e a proximidade física em relação aos documentos que se preservam nos arquivos daquele país. A investigação que depois viria a prosseguir no quadro do seu doutoramento abriu-lhe perspetivas novas que cultivou ao longo de todo o seu percurso académico e que viriam a materializar-se num conjunto de estudos (dispersos por revistas e publicações coletivas), versando os códigos que suportam o pensamento vieiriano e também a natureza artística da sua escrita. O porfiado labor que desenvolveu em torno da vida e da obra deste autor haveria de conduzir à síntese amadurecida que escreveu para um público mais alargado e que viu a luz no Clube de colecionadores dos CTT. Embora incorporando o legado da escola filológica mais convencional, AC manteve-se ao corrente das transformações que ocorreram nos estudos literários ao longo da década de 70. Pode mesmo dizer-se que a sua excelente formação nos domínios da poética e da retórica facilitou a boa absorção das correntes estilísticas e narratológicas que valorizaram o texto tanto nos seus aspetos estruturais (tratando-se sobretudo da narrativa) como nos aspetos estéticos. Embora toda a sua obra constitua uma síntese entre o papel do contexto e a atenção ao texto, são exemplares, a este propósito, os trabalhos que consagrou à novelística de Camilo Castelo Branco. Movido por genuíno interesse intelectual e talvez também por algum tipo de simpatia humana pela figura do escritor, AC viria a aceitar a direção da Casa-Museu de Camilo. No desempenho dessas funções, haveria de desenvolver esforços persistentes nos domínios da recuperação e preservação patrimonial e na promoção de iniciativas ligadas à pesquisa e à divulgação cultural. De entre os aspetos que melhor definem o seu vasto labor histórico-literário, merece destaque o empenho que colocou no estudo das relações entre a realidade histórica e a transformação ficcional. Esta linha de pesquisa, centrada naquilo que poderemos designar por “oficina do escritor”, revela-se aliás particularmente exigente, implicando o conhecimento conjugado da história e dos estudos literários. A esse propósito, para além dos autores já citados são relevantes os trabalhos que dedicou a Fernão Mendes Pinto e Eça de Queirós (autor sobre quem viria a escrever um estudo de síntese, ainda publicado pelos CTT). |
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