Não se conhecem pormenores sobre o seu percurso entre 1879 e 1891, altura da publicação do seu primeiro trabalho histórico (com 32 anos de idade). É provável que Viana tenha dedicado boa parte desses doze anos a estudar os espólios de Silva Carvalho e de Joaquim Leocádio da Costa (Idem, Idem, p. 9 e Visconde de Santarém, Correspondência..., vol. V, 1918, pp. 124 e ss.).

Assim se compreende como, a partir de 1891, tenha conseguido trazer a público uma monumental obra em três volumes, Silva Carvalho e o seu Tempo. De tal forma importante, a nível documental, que Joaquim Pedro de Oliveira Martins (1845-94), na terceira edição do Portugal Contemporâneo (1894), cita passagens do estudo de Viana (Joaquim Pedro de Oliveira Martins, Portugal Contemporâneo, vol. I, 1981 (1ª ed. 1881), Livro III, pp. 197-199, 214, 238, 264-65, 267-69 e 348, n. 1).

Essa recolha valeu-lhe a nomeação de sócio correspondente da Academia Real das Ciências, admitido após parecer do próprio Oliveira Martins, de Inácio Francisco Silveira da Mota e de Jaime Constantino de Freitas Moniz – todos eles ilustres nomes da produção historiográfica da época – datado de 13 de Julho de 1892 e por eleição de 9 de Dezembro seguinte (António Baião, Discurso acerca do centenário..., Op. cit., pp. 10-11).

É de notar que a preocupação do autor em restituir glória documental à memória histórica do liberalismo cartista não está dissociada da proposta política de um socialismo monárquico, a qual surge como resposta ao crescente desgaste e erosão das instituições políticas vigentes (António Viana, José da Silva Carvalho e o seu Tempo, vol. II, 1894, «Advertência», pp. I-VII).

Durante o reinado de D. Carlos (1889-1908), é possível que Viana gravitasse em círculos intelectuais e políticos próximos ou afins dos Vencidos da Vida e de soluções cesaristas, defendidas por Oliveira Martins e por João Franco (1855-1929). Sabemo-lo membro ou participante na vida do Partido Regenerador Liberal, onde também gravitava Henrique da Gama Barros (1833-1925), recordando-se António Baião, segundo conservador da Torre do Tombo a partir de 1902, de vê-los juntos no arquivo nacional. Por outro lado, são bastante confessionais, quase fraternais, as cartas que o próprio Franco lhe vai escrever do exílio, em 1908, transcritas por Baião (Idem, Idem, pp. 15-20; veja-se, a propósito de Gama Barros, José Maria Amado Mendes, «Desenvolvimento e estruturação da historiografia portuguesa», in História da História em Portugal (Séculos XIX e XX), 1996, p. 186).

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