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Quanto a O Campo de São Paulo, o autor elucida no “Prefácio”: “esta obra não arranca de investigações pessoais de arquivo, - nem sequer, em rigor, de uma elaboração histórica que se diga de primeira mão.”(p.X) É antes uma “narrativa global dos acontecimentos” que envolvem a fundação da cidade como parte de um amplo projecto: “determinar a origem e o sentido da ocupação humana do Brasil, desde os intermitentes afloramentos da costa que se seguiram ao descobrimento por Pedro Álvares Cabral, em 1500, até ao primeiro estabelecimento estável efectuado no sertão, no planalto vicentino, em 1553-1554, pelos jesuítas obedientes ao Pe. Manuel da Nóbrega” (p.X). Para tal, Nemésio propõe-se “Historiar conexamente o surto da Companhia e do Brasil na primeira metade do século XVI” e delimita a sua competência: “este livro, em tudo o que excede o âmbito da acção dos jesuítas no Brasil é estritamente tributário da bibliografia clássica no assunto. [...] Desaconselhando a índole narrativa deste livro aparatos de rodapé, limitámo-nos a marcar, em envios ao fim do volume, os cambiantes essenciais de fontes de informação historiográfica e algumas escassas minudências.” (p.XII). A sua proposta parte das Cartas Jesuíticas editadas pela Academia Brasileira de Letras, que lera e anotara nos tempos de estudante: “procurei trabalhar o mais possível directamente sobre o epistolário dos Padres e Irmãos, preferindo fazê-los falar a eles mesmos dos seres e das coisas da sua formidável experiência a narrá-la eu por minha conta.[...] É cómodo ser bom escritor à custa de comas e de itálico...” (p.XIII). No prefácio à 3a edição (1971) lamenta “não ter vagar para refundir o trabalho”, prolongando-o até à fundação do Rio de Janeiro, “cujo IV centenário (1965) celebrei na Ode ao Rio” (p.XV), o que é significativo da peculiar relação de Nemésio com a História: o estudo e a poesia servem idêntico propósito de celebração da actividade humana. A obra arranca com a biografia do fundador (“Tem sido contada mil vezes a vida de Santo Inácio de Loyola”, p.3), confirmando o que, para Nemésio, é a principal funcionalidade da dimensão histórica: para entender os fenómenos há que entender os homens, e a biografia dos “vultos” ou “figuras” (termos usados nalgumas pastas do espólio) é o que verdadeiramente lhe interessa, como o perfil de Herculano exemplifica, fundindo literatura, história e cultura na relação do homem com o tempo (“Se pudéssemos retratar o homem de carne e osso tal como o tempo o esculpia ao menos de dez em dez anos, teríamos ao longo dos clichés toda a sua história íntima.”, A mocidade de Herculano, p.54). |
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