Deste modo, os promotores do Archivo entenderam como universo alvo um público especializado, de académicos ou eruditos, "Não é pois para ele, para o público, que este Archivo se destina; é exclusivamente para os estudiosos." (Idem, p. VI). Esta revista contrastava, assim, com a herança de várias publicações periódicas generalistas e para o grande público que começaram a aparecer a partir da década de 1830 (por exemplo, O Panorama), em que encontramos uma importante parte dedicada a assuntos históricos, mas também a outras matérias.
A crítica ao estado em que se encontravam os estudos históricos em Portugal veio posteriormente a ser recuperada, mais uma vez, por A. Braamcamp Freire, na «Advertência» à sua colectânea Crítica e História - Estudos (1910), que juntou vários estudos publicados pelo próprio, entre 1901 e 1902, no Jornal do Commercio, de Lisboa, com o pseudónimo de Silex. Note-se que a sua crítica não incidia na falta de publicação de fontes, "Documentos, vão-se hoje publicando entre nós bastantes" (Crítica e História - Estudos, 1996, p. III) (estaria já a pensar, entre outros projectos, no contributo do Archivo neste ponto?), mas sim na qualidade destas para se fazer a «história social» que o autor considerava como a "[especialidade] mais interessante certamente da história" (Idem, p. III), e essencialmente para a transição do século XV para o XVI.
A «Advertência» dos promotores deixava também a antever a orientação historiográfica que iria modelar a revista: "enviem-nos a nota dos documentos encontrados e extractados, venha ela acompanhada de excelentes artigos, ou sozinha, sem mais realce do que o da própria valia" (Idem, pp. VI-VII). Apesar de algumas excepções, como as colaborações de João Lúcio de Azevedo ou de Costa Lobo, no Archivo prevaleceu a linha historiográfica da escola metódica, como notou José Amado Mendes, com maior ênfase dado aos factores políticos e à divulgação de fontes, maioritariamente de história nacional. Mais: "a própria actividade, de arquivistas e paleógrafos, exercida por alguns colaboradores - como Pedro de Azevedo e António Baião - acabava por favorecer esse tipo de preocupações. A orientação do Archivo assemelhava-se à da prestigiada revista francesa La Revue Historique, fundada por Gabriel Monod, em 1876" (J. A. Mendes, "Revistas de História", pp. 213).