A orientação do Archivo, tendo em conta os seus objectivos, concepções e, em grande medida, os seus colaboradores, representava, assim, a preocupação erudita e documental dos estudos históricos. Em certo sentido, era assumida uma continuidade do trabalho desenvolvido por Alexandre Herculano (e outros), historiador com grande influência em Anselmo Braamcamp Freire. Por exemplo: este último chegou a dirigir na Academia das Ciências de Lisboa o projecto dos Portugaliae Monumenta Historica. Não obstante, e apesar da sua importância, o modelo de revista proposto pelo Archivo, e ainda muito em voga na época, começava a mostrar algum desgaste - ou, pelo menos, começaram a aparecer outros modelos de revista complementares. Neste sentido, embora com outros propósitos mais ambiciosos, é revelador o aparecimento da Revista de História (1912-28), órgão da Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos, e sensivelmente coeva do Archivo, que apresentava já uma estrutura moderna - com três secções: «Artigos», «Facto e Notas» e «Recensões».
Numa observação geral dos conteúdos da revista notamos que a publicação de fontes constituiu o grosso dos contributos, assumindo assim a lógica de «arquivo». Tal facto foi, sintomaticamente, reforçado alguns anos após o 1º número pelo administrador da revista, Fernando Brederode, "O Archivo Historico não é uma revista de leitura amena para recreio em horas de ócio; essa não é a sua índole e esta se tem mantido. Ele deve principalmente ser, e tem sido, um repositório de fontes seguras para o estudo da Historia pátria" (AHP, vol. IV, p. V). A juntar, o universo de colaboradores do Archivo foi relativamente extenso e com figuras importantes do meio cultural e historiográfico de então. Para além dos já aqui citados, vemos, por exemplo, Maximiano Lemos, Sousa Viterbo, Júlio Castilho, Vitor Ribeiroe figuras estrangeiras, como Edgar Prestage ou J. Denucè. De realçar que dentro deste grupo encontramos a colaboração de uma mulher, Carolina Michaëlis de Vasconcelos.
O universo diversificado de colaboradores permitiu que o leque temático no Archivo fosse bastante amplo. É visível um tratamento contínuo sobre o período da Expansão e Descobrimentos, com um número assinalável de contributos, muitos dos quais de Pedro de Azevedo, A. Braamcamp Freire e Sousa Viterbo, com mais de 30 títulos cada um (Maria Sidónia Tavares, Descobrimentos e navegações no Archivo Historico Portuguez, p. 26).