Um dos periódicos histórico-científicos portugueses mais prestigiados e em actividade ininterrupta desde a sua fundação é, indubitavelmente, a Bracara Augusta. Revista Cultural da Câmara Municipal de Braga, cujas origens editoriais remontam aos 11 fascículos iniciais do Boletim do Arquivo Municipal de Braga (1935-1945), sob a batuta do então director José Constantino Ribeiro Coelho (1886-1967), o que corresponderá a uma “primeira série” da Bracara Augusta. Assim, ao compilar-se um primeiro volume com os referidos Boletins, proporcionou-se estabelecer um novo título, ou uma “segunda série” – a Bracara Augusta. Revista Cultural da Câmara Municipal de Braga –, com a direcção de Sérgio Augusto da Silva Pinto (1915-1970).
O primeiro número foi publicado em Agosto de 1949, ascendendo a cerca de 60 volumes e reunindo um espólio documental impreterível, tornando-se um ex-libris das revistas municipais portuguesas. A revista Bracara Augusta permanece indelevelmente um projecto de natureza e orientação camarárias, umbilicalmente conexo à Câmara Municipal de Braga, sem esquecer os contributos do Arquivo Municipal local ou, num outro patamar, à Fundação Bracara Augusta, se bem que o nosso campo analítico cesse, por motivos metodológicos, em 2007.
Profusamente consagrada nos meios académicos nacionais, o seu primeiro propósito centra-se na defesa e divulgação da História, muito além de um ambiente académico restrito e, não obstante o seu teor e carácter arquivístico, o primeiro público-alvo encontra-se ainda, obviamente, entre os munícipes bracarenses, até por intitular-se com o antiquíssimo topónimo romano da cidade: Bracara Augusta. Mas, como seria de calcular, esse limes geográfico de leitores extraverteu rapidamente para os fóruns internacionais, pelo que serão raros, atrevemo-nos a asseverar, os interessados em História que nunca tenham consultado artigos deste periódico. Tal como a História e a Historiografia se desejam expedientes apelativos, a Bracara Augusta continua a suster as suas primeiras incumbências, apresentando-se como um espaço de debate onde os investigadores de todas as idades e níveis escolares e académicos podem cooperar para a cultura histórica, seja na versão impressa, assim como, potenciada pelas novas tecnologias da informação, em plataformas digitais.