Não se pode deixar de constatar a aparente simplicidade do título deste periódico. Na verdade, os fundadores da SPEH ao optarem pelo designativo “História” conseguiam, à partida, afastar qualquer preocupação restritiva. Colocado desta forma, permitia-se o englobar de qualquer veio de investigação que propusesse no seu estudo um horizonte histórico, fosse este político, social, militar, religioso, literário ou outro.
Não obstante uma longevidade relativamente curta, no contexto português a RH afirmou-se como um dos periódicos ligados à história mais significativos do seu tempo, facto bem ilustrado pelo louvor que recebeu através de uma Portaria, em 1914, assinada pelo então Ministro da Instrução Pública, Sobral Cid. E, a nosso ver, assumiu uma posição de relativo destaque. Por exemplo, num pequeno exercício comparativo com uma outra publicação coeva, o Arquivo Histórico (1903-21), e embora percebamos que os dois periódicos tivessem objectivos diferentes, a RH apresentava uma estrutura moderna, mais ambiciosa, equilibrada e relativamente inovadora no panorama português, composta por três grandes secções, «Artigos», «Factos e Notas» (secção que se revestiu de importante originalidade, e que poderíamos apelidar de jornalismo histórico) e «Bibliografia». Convém no entanto referir que esta estrutura encontrava um flagrante modelo de inspiração estrangeiro, a Revue de Synthése Historique (1900), então dirigida por Henri Berr. Autor referencial nestes anos para Fidelino de Figueiredo, tentou-se orientar a RH nesse sentido, de abordagem à síntese na construção historiográfica. Numa interessante e ainda hoje útil brochura publicada pela própria SPEH com o intuito de recensear as publicações de história da altura, notamos um conspícuo auto recenseamento, “A Revista de História procura conciliar a função de arquivo de materiais à de síntese, promovendo a divulgação das fontes e a construção da história. Também se interessa pelos problemas teóricos das ciências históricas e da metodologia do seu ensino” (Revistas Portuguesas de História e Ciências Correlativas, 1915, p. 14).
Ao todo foram publicados 283 artigos na RH. Regista-se um maior fulgor nos primeiros cincos anos de existência da revista, notando-se acentuada quebra a partir de 1915 (Brito, A Sociedade Portuguesa…, 2012, p. 67). O último volume, que corresponde a dois anos (1927-1928), apresenta um contra-ciclo ascendente, mas apenas porque se condensou dois anos de publicação, contando essencialmente textos de homenagem a Manuel Oliveira Lima, embaixador e historiador brasileiro, recentemente falecido. Dos 127 sócios que compuseram a SPEH (só é possível contabilizar até 1920), 46 deles contribuíram com pelo menos um artigo para a RH. Destes, destacam-se, numericamente, os contributos de Fidelino de Figueiredo (com 36), Pedro de Azevedo (20), Edgar Prestage (12), João Lúcio de Azevedo (12) e Fortunato de Almeida (11). Outros, caso de Damião Peres, Anselmo Braamcamp Freire ou Paulo Merêa, tiveram uma participação limitada. No campo dos colaboradores, ou seja, aqueles que não eram sócios da sociedade, contabilizaram-se 71 (58 com artigos, outros com colaboração nas outras secções).