Indo ao encontro de uma certa tendência da altura, o período Moderno e Contemporâneo foram os mais recorrentes. Isto explica-se em grande medida pelos temas tratados de história política, religiosa, marítima e literária. Outras áreas, como a arqueologia ou a etnografia apresentam um espaço residual. Menção ainda para os estudos de história regional e local que foram substanciais, em consonância com a tradição oitocentista deste tipo de trabalhos. Mas para entendermos o volume dos temas mais recorrentes, teremos de ter em conta que quem mais labutou nos temas acima aludidos foram precisamente aquelas figuras que apresentaram uma produção mais intensa ao longo da existência da revista, como Fidelino de Figueiredo, Fortunato de Almeida, João Lúcio de Azevedo ou Edgar Prestage. A biografia foi um veio recorrente, com quase todos os grandes autores a apresentarem trabalhos (Brito, Idem, p. 70).
A extinção da SPEH, com o exílio do seu principal fundador, em 1928, ditou o fim da RH, apesar dos dois últimos números já testemunharem uma difícil sobrevivência. A concluir, justifica-se a pergunta: terá o plano de orientação historiográfica sugerido por Fidelino de Figueiredo, em 1910, com a ideia de síntese, alcançado sucesso? A nosso ver, de forma muito limitada. À SPEH e à RH associaram-se muitas figuras já com um longo lastro de trabalho, o que colocava, como se pode imaginar, dificuldades ao intuito de atingir uma certa homogeneidade. Sem dúvida que no seu conjunto os artigos publicados ilustram multidisciplinaridade, no sentido em que vemos uma diversidade de temas tratados, mas, na sua maioria, as abordagens mantinham-se dentro de linhas historiográficas vigentes, salvo as excepções que fomos apresentando. Aliás, os mais frequentes colaboradores com trabalho entendido como historiográfico, participaram sobretudo numa orientação que se pode classificar de erudita, positiva ou metódica. Não espanta pois que, anos mais tarde, Fidelino de Figueiredo reconhecesse o limitado alcance do seu projecto (curiosamente, na Revista de História da Universidade de S. Paulo, que pediu emprestado o nome do periódico português), quando se referiu a muitas das personagens que compuseram a SPEH ou colaboraram na RH: “Eram historiadores todos esses estudiosos, historiadores na acepção de construtores de grandes sínteses plásticas e interpretativas dos acervos episódicos? Nem todos (…) Muitos deles eram apenas beneméritos e probos carreadores de materiais, alguns simples arquivistas. Contribuíram todos com sólidas e valiosas renovações documentares para a obra historiográfica, mas nem todos chegaram a erguê-la. Muitos atomizaram a história (…) Mas essa decomposição atomística ou anatómica é só uma fase do trabalho historiográfico; tem de ser seguida da reconstrução pelas várias e difíceis operações de síntese” (Historiografia Portuguesa no século XX, 1954, pp. 336-337). Embora dê um retrato da historiografia portuguesa das primeiras duas décadas do século XX, a Revista de História ficaria aquém das grandes intenções do seu fundador. E aquém da sua inspiradora Revue de Synthése Historique.