A abertura ao exterior e a colaboração de historiadores estrangeiros foi um dos grandes intuitos do programa da SPEH. Destacam-se contributos de Benedetto Croce, Charles Boxer (com publicação de fontes sobre Nuno Álvares Botelho, vol.16), Pires de Lima, Ciriaco Pérez Bustamante ou Gilberto Freyre, revelando a relativa abertura internacional da publicação. Para além da Academia das Ciências de Lisboa, há notícia de permutas com a Academia de la História de Madrid, o Instituto Histórico do Rio de Janeiro ou a Universidade de Manchester. Não obstante, aos olhos do seu director, a abertura estrangeira fora parcamente concretizada. Fidelino de Figueiredo notou esse distanciamento de ambientes científicos estrangeiros (poucos responderam à «circular programa»), alertando, logo em anos iniciais, para causas como desconfiança ou o não conhecimento da nossa língua. O grupo de lusófilos era restrito, casos de Edgar Prestage (com publicações várias na RH, a maioria delas sobre história diplomática, vol. 7; mas também sobre historiografia, em que tece críticas a Oliveira Martins, vol. 5) ou Aubrey Bell (essencialmente hispanista, e que na RH trabalhou Gil Vicente, vol. 5). Deste modo, e assumindo que os temas que poderiam interessar a autores estrangeiros fossem os Descobrimentos ou a Expansão portuguesa, sugeriu que estes artigos tivessem, pelo menos, um resumo em francês (Brito, A Sociedade Portuguesa…, 2012, p. 43). Prática hoje corrente com a língua inglesa, como se sabe.
De qualquer forma, ao longo dos anos de publicação, e como fiel eco do seu auto recenseamento, notamos na RH a publicação de fontes (documentos oficiais, epistolas, entre outros) e artigos interpretativos. No que toca à publicação de fontes, foram raros os colaboradores que não o fizeram. Fidelino, por mais de uma vez, publicou cartas inéditas de Eça de Queiroz e de Alexandre Herculano, o que não nos espanta, se atendermos aos seus temas literários e de referencial historiográfico. Mas quem perfilhou mais este tipo de publicação foram Pedro de Azevedo e António Baião, o que se compreende considerando os seus ofícios (arquivistas e paleógrafos). Encontram-se trabalhos de teor mais reflexivo, casos de Benedetto Croce ou do então jovem Francisco Vieira de Almeida, que versaram aspectos epistemológicos do trabalho historiográfico (vol. 3). Apresentaram-se novas perspectivas sobre temas já muito debatidos, como João Lúcio de Azevedo com a figura do Marquês de Pombal. Outros trabalhos representaram um primeiro passo para estudos de maior fulgor, como por exemplo os estudos de João Lúcio de Azevedo sobre os cristãos novos ou apontamentos de Fortunato de Almeida para a sua História da Igreja. Também houve espaço para polémicas/críticas entre membros da SPEH (embora poucas), e que encontraram eco na RH, como por exemplo entre Fidelino de Figueiredo e António Prado Coelho sobre Balzac (vols. 2 e 3).