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Esta sua demarcação positivista, traduz-se no seu conceito de “irredutibilidade de Tyndall”, elemento perene na sua reflexão; a escolha do nome lembra o profundo impacto cultural da alocução feita à British Association for the Advancement of Science (Belfast, 1874) por John Tyndall, professor de filosofia natural da Royal Institution; ao aí tratar das relações entre ciência e materialismo, afirmou que o conhecimento científico se traduz na exigência de uma “absolute reliance upon law in nature”. Tyndall designou a sua posição como “higher materialism” atribuindo à matéria “the promise and potency of all terrestrial life”. Discorrendo sobre o tópico das fronteiras entre ciência e religião, afirmou que se esta acrescentava “inward completeness and dignity to man” ela estava restrita à “region of poetry and emotion.” O conhecimento objectivo era do âmbito exclusivo da ciência. Tudo o que recaía “upon the domain of science” (incluindo a questão cosmológica) deveria ser “submit to its control” (Tyndall, Fragments of Science 1892, 2. pp. 191-197). A ideia de uma total cientificidade, no que toca a variáveis humanas, implica saber a mecânica do paralelismo psicofísico, ou seja, a dependência funcional entre os fenómenos mentais e os processos (físico-químicos) que ocorrem no cérebro: se ao plano psíquico correspondem univocamente estruturas e processos fisiológicos cujas leis derivam da física e da química, então o determinismo e mecanicismo deste domínios devem caracterizar o plano psíquico. Ora, AS, tende a crer que o determinismo é um horizonte razoável, e disso deixa sinais ao iluminar a história pela luz da biotipologia de Kretschmer (assim indirectamente contornando a irredutibilidade de Tyndall). A predominância de uma mentalidade científica, conciliadora do real e do ideal, correspondia ao tipo ciclotímico, enquanto o tipo esquizotímico tendia a impor o ideal ao real tendendo para teorias absolutas, metafísicas e eticamente categóricas. No caso da crise europeia dirá, em O Diabo (1936), que “o conflito fascista-democrático, que define o momento social, é luminosamente um conflito esquizotímico-ciclotímico” e que “o que sucede é que a acentuação social se faz ora com base ciclotímica ora com base esquizotímica: por outras palavras, no fluxo do tempo, as massas esquizotímicas e ciclotímicas estão em constante acção e reacção. Mas esta acção e reacção faz-se dentro de um complexo que evolui segundo uma curva biológica – a curva de todas as civilizações – donde resulta que nos momentos de ascensão, auge e declínio destas curvas, esta acção-reacção terá fatalmente crises e movimentos espasmódicos esquizotímicos. É manifesto que na crise actual da Europa (…) a Grande Guerra veio provocar uma grande oscilação esquizotímica donde saiu o fascismo, o nazismo e o comunismo” (Salazar, in O pensamento de Abel Salazar 1971, pp. 90-92) três ideologias caracterizadas pelo predomínio da Mística. |
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