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AS crê que o desenvolvimento científico, então marcado pelas revoluções da teoria da relatividade e a dos quanta (e pela nova filosofia científica vienense do empirismo lógico), é um claro sinal que por sobre os ciclos vitais das civilizações surge nítido um progresso tecno-científico, que ele integra no que designa por “totalização da experiência”, ou seja, todo o acúmulo positivo da humanidade ao longo da sua longa história. Curiosa é a caracterização da fase de declínio, de que a queda Roma é ilustração, descrita em termos deterministas: “Os processos mecanóides da decadência são aqui bem visíveis; forças em jogo actuam cegamente em acção e reacção, e por tal forma que, quaisquer que sejam as vontades dos homens, tudo sucederá segundo leis fatais, dando-se mesmo o paradoxo aparente de a própria acção dos homens, dirigida num determinado sentido, concorrer precisamente para fazer marchar as coisas em sentido contrário, É que essa acção, independente do seu ideal, é apenas uma força que se integra num sistema de forças em jogo e entra nelas em conflito” (Idem, p. 65); entre as características que são sinal desse terceiro período destaca: “dissolução mística do pensamento, enfraquecimento do espírito científico e hegemonia da emotividade religiosa” notando que elas se encontram “actualmente, nos prelúdios da decadência da Europa” (Idem, p. 67). Esta insistência na necessidade de positividade em todos os saberes, numa atitude de reducionismo determinista, fez Silva Dias, logo após a saída do livro, em O Problema da Europa, denunciar o esquematismo a priori resultante da aplicação de um paradigma fisicalista à realidade histórica e social que pode conduzir à desresponsabilização do sujeito histórico. Norberto Cunha, nos seus profundos estudos sobre a integralidade da obra do nosso polímata, mostra como os paradoxos e contradições que se encontram no pensamento criativo e genuíno de Abel Salazar traduzem uma incessante busca de inteligibilidade, de busca de Formas, cujo horizonte ultrapassa porventura o do positivismo que reclamava para o progresso das mentalidades, indo no sentido da democracia. |
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