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No livro de 1942, A Crise da Europa, no qual já pouca importância é dada à biotipologia, AS citará um autor que favoreceu a sua crença organicista em leis de evolução dos sistemas-civilizações. O médico-psiquiatra, filósofo e pedagogo, professor da Universidade de Leipzig, Hermann Schneider (1874-1953), nos seus trabalhos sobre as conquistas culturais da humanidade (1912-1931) afirmou que essas conquistas eram o resultado não da pureza racial mas da miscigenação; adepto de uma “história universal” que permita conceber uma filosofia da história, era sua convicção de que a humanidade armazena os produtos artísticos e intelectuais da experiência assimilada pelos seus melhores filhos; dada a inacessibilidade à observação da alma desses criadores, o historiador é obrigado a reencontrar o espírito da sua cultura através dos monumentos por eles deixados. Tal progressão não é linear, tem retrocessos e paragens. Se até aí se está dentro do senso histórico, o pendor especulativo fá-lo pensar que o filósofo da história, prescrutando o espaço e o tempo, pode encontrar um padrão dessa evolução. De facto, Schneider propôs um modelo de evolução civilizacional em três etapas: numa primeira, vários grupos humanos que, por condicionalismos geográficos e outros, permaneceram etnicamente puros, vão-se encontrar e misturar, a que se seguem fases cuja duração em séculos ele indica, designadas por “infância”, “juventude” (durante o qual se elabora um novo sistema de ideias, por um processo de diferenciação), “maturidade” (na qual o progresso cultural devido à expansão do sistema de ideias novo é acompanhado de reflexão crítica e no qual se gera uma cultura popular adaptadas às necessidades e capacidades das massas) e “velhice” (fenecendo a criatividade); uma nova civilização poderá surgir, aproveitando o adquirido pela anterior, desde que haja uma nova mistura racial. A teoria geral foi apresentada na obra Philosophie der Geschichte (1923), de que foi dada tradução castelhana pela Labor, citada em A Crise da Europa. A aplicação sistemática do modelo a várias civilizações superiores passadas (Grécia, Roma, Índia, Pérsia, China) fez o crítico da recensão na revista britânica History (1933), que mostra o inapropriado da generalização, colocar o autor entre os profetas e não entre os “historiadores críticos”. Por seu lado, mas no mesmo sentido geral, Abel Salazar fala de “curvas dos sistemas históricos” marcadas a partir de “pontos definidos por coordenadas objectivas” as quais estão associadas a “elementos quantificáveis, embora de uma forma grosseira”, referindo que para o seu traçado inicial se recorre a uma lei da história já conhecida; Schneider é explicitamente citado para o enunciado da lei : “qualquer cultura nova, surge de uma mescla de sangue (...)”; Salazar continua citando o filósofo alemão quando enuncia a lei referente à duração de cada uma das fases da dita curva” (A Crise da Europa, pp. 35-36); mantendo o aspecto global da curva sugerida por Schneider, junta algumas críticas, por exemplo realçando que a arquitectura “é a expressão mais completa e definida de uma civilização” e falando de “coordenadas definidas pelas manifestações energéticas do Sistema” (Idem, p. 40) ; a plausibilidade do modelo, com uma curva em três fases (como uma telha lusa vista de perfil), não é maior do que a do modelo de Schneider e resulta da analogia vital (uma vez que não apresenta variáveis quantificadas concretamente determinadas); mais à frente falará de cadeias de curvas, ou seja de articulação de civilizações, dando como exemplo a sucessão Egêa-Grécia-Roma-Europa (Idem, p. 45). |
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