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Às vezes, a sua ocupação profissional dava-lhe a oportunidade de defender opositores ao Estado Novo: foi o caso de Óscar Lopes e de Agostinho Neto, militante anticolonialista que veio a tornar-se Presidente da República de Angola, já depois do 25 de abril. Armando Castro aliou a sua atividade de militante à de escritor. Viajou durante quatro meses, em 1958, pelas então colónias portuguesas a fim de publicar um livro na clandestinidade intitulado: O Sistema Colonial Português. Ao mesmo tempo que desejava apresentar uma análise rigorosa do imperialismo português, também se empenhava na defesa dos colonizados: “Isso não quer dizer, com efeito, que o autor não sinta profundamente a miséria, o sofrimento e a degradação física, impostos aos povos coloniais e que são o resultado da brutalidade e da desumanização crescentes dos dominadores” (O Sistema Colonial Português,1978, p. 23). Crítico da política imperial portuguesa, o livro só apareceu nesta altura em língua russa, com o pseudónimo Joaquim Silva, e em português em 1978 já depois do termo da ditadura. Armando Castro também, participou nos três congressos que reuniram as oposições ao Estado Novo, em Aveiro, em 1957, 1969 e 1973, e que foram momentos fortes das forças partidárias da democracia em Portugal. Foi ainda candidato da oposição durante as eleições legislativas, pela Comissão Democrática Eleitoral em 1969. Outrossim, viu o livro Prisoneiros políticos, documentos de 1970-1971, escrito com Luís Filipe Lindley Cintra e Francisco Pereira de Moura, impedido de circular pela censura. Depois do 25 de abril de 1974, não desistiu da sua atividade política e permaneceu fiel ao PCP. Enquanto muitos dos antigos apoiantes deste partido se afastaram da sua linha ideológica nos anos 1980 e sobretudo nos anos 1990, depois da queda da União Soviética, Armando Castro não alterou o seu posicionamento. A sua presença ativa nas linhas do Avante! e o elogio fúnebre redigido por Óscar Lopes neste jornal após o falecimento de Armando Castro são sinais deste apego ao PCP. A par da sua atividade cívica e política, Armando Castro produziu uma obra importante no domínio científico. Exclusivamente redigida em português, escreveu mais de cinquenta livros e uma centena de artigos em revistas e jornais. Todos os seus trabalhos se focaram sobre Portugal e a sua obra teve uma escassa difusão além-fronteiras ao escrever apenas em português. |
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