No meio de uma extensa bibliografia, de que se destaca um juvenil livro de poesia (1896) e o primeiro trabalho histórico, dedicado ao iluminador Duarte Fernandes, no Arquivo Histórico Português de Anselmo Braamcamp Freire (1903), podem enumerar-se quatro géneros de trabalhos.

São eles os pareceres académicos, como os que escreveu a propósito da entrada de Fortunato de Almeida e de Martinho da Fonseca na Academia das Ciências, em 1917 e 1921; catálogos de livrarias, como as do visconde de Santarém (1913), Pedro de Azevedo (1919) e Jaime Moniz (1922); e o elogio histórico do seu antecessor na cadeira de sócio efectivo da Academia das Ciências, o mesmo Braamcamp Freire (1925). Por fim, o perfil e acção de vários guardas-mores e historiadores na Torre do Tombo: os de Damião de Góis, Manuel da Maia, visconde de Santarém, cardeal Saraiva, Herculano, Varnhagen e Gama Barros, trabalhos esses que se estendem cronologicamente de 1909 a 1949 e que fazem sobressair a entrega dessas figuras à preservação documental e aos estudos históricos.

Deste modo, podemos ter uma pálida ideia da vivência e profunda dedicação à vida académica e à investigação a que se entregou António Baião, ao ponto de Raúl Rego dele dizer, em 1967, que «para as gentes do século XX o Arquivo Nacional é António Baião» e que na Torre do Tombo e nas duas academias de que foi dirigente sempre se pautou por uma «direcção calma, acção serena» («O Dr. António Baião», ibidem, p. IV.

É também no denso catálogo da sua livraria, composto por quase 3300 espécies (infelizmente dispersas em venda pública), que podemos ver o complexo mundo de interesses intelectuais e sociabilidades académicas de Baião, para quem a erudição, a paleografia, a diplomática e as fontes portuguesas parecem não ter conhecido segredos.

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