Se por um lado absorvera dos lentes lisboetas e de Damião Peres uma clara tendência enciclopédica da História, expressa no capítulo de contextualização do nascimento das Misericórdias na conjuntura histórica nacional, manifestavam-se ainda traços da historiografia positivista através da prevalência do documento escrito na formulação das hipóteses assente na erudição e na crítica textual, e o culto da verdade, objectividade e imparcialidade num estilo de escrita qualificado de simples e atractivo. Ou mesmo a principal característica do seu ofício de historiador, o enfoque nos factos originais e desconhecidos sobre a realidade portuense, que como seu cidadão activo prestava na promoção da grandeza da identidade e singularidade da cidade.

A presidência de Mendes Corrêa nos destinos da vereação portuense em finais dos anos 30 voltava a significar novo reconhecimento da figura de Magalhães Basto, eleito para a direcção do recém-fundado Gabinete de História da Cidade (1937), actual Arquivo Histórico Municipal do Porto, onde se afirmaria como um mentor para uma nova geração de historiadores portuenses privados de uma Faculdade de Letras. Este organismo visava a organização e gestão do Arquivo Municipal com vista à sua conservação e dinamização dos estudos históricos sobre o Porto, projectando o seu director o início de uma colecção Documentos e memórias para a História do Porto, estreada com o volume Vereaçoens: anos de 1390-1395, testemunho notável do seu domínio na Paleografia e da crítica histórica. Ao mesmo tempo que dirigia a publicação de novos volumes contemplando estudos históricos por outros autores, procurava resgatar também as principais obras antigas sobre a história portuense com novas edições revistas e comentadas por si.

Em pouco menos de dois anos transitava para a chefia dos Serviços Culturais Municipais, altura em que assumia também a direcção do Arquivo Distrital do Porto (mantendo esta acumulação de funções até ao seu falecimento), o lugar de prelector no curso livre “Estudos Portugueses” e de colaborador nas principais agremiações culturais portuenses e na obra História da Expansão Portuguesa no Mundo. Em 1939 foi ainda nomeado académico correspondente da Academia Portuguesa de História, tomando parte nas actividades inseridas nas Comemorações dos Centenários de 1940, como o Congresso do Mundo Português, integrando-se no ambiente político e cultural do Estado Novo, embora aparentemente afastado de uma militância política activa.

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