Por essa mesma época, Bomfim aproximou-se de Pinheiro Machado, um dos chefes políticos mais influentes da época, o que lhe possibilitou eleger-se deputado federal, pelo estado de Sergipe (1907-1908). Ao final do mandato tentou a reeleição, mas não obteve sucesso, abandonando a carreira política. Em 1911, foi nomeado, novamente, diretor-geral do Pedagogium, cargo que ocuparia até a extinção deste órgão em 1919. A partir daí, dedicou-se apenas ao trabalho na imprensa e à produção literária.  Após o seu falecimento, amigos e seguidores fundaram a Sociedade Manoel Bomfim, em 21 de abril de 1933, com a finalidade de dar prosseguimento à sua obra educativa. Embora reunisse figuras expressivas no âmbito das letras e da educação, a Sociedade teve vida efêmera, extinguindo-se por volta de 1935.

Manoel Bomfim deixou vasta produção bibliográfica, que se estende pelos campos da educação, da psicologia, da pedagogia e da história, afora inúmeras obras didáticas e paradidáticas. Neste último gênero, destaca-se o título Através do Brasil (1910), escrito em parceria com Olavo Bilac, livro de leitura destinado às classes de ensino elementar, que se tornou um marco na bibliografia escolar brasileira com 66 edições. Inspirados, talvez, em um clássico da literatura infantil oitocentista, Le tour de France par deux enfants, Bilac e Bomfim narram as peripécias de dois irmãos, que cruzam o Brasil em diferentes direções, à procura da família. A aventura se inicia na região do rio São Francisco, “o grande rio, essencialmente, unicamente brasileiro”, e desvenda para as crianças um país de dimensões continentais, cheio de contrastes, oferecendo-lhes “uma visão geral e concreta da vida brasileira - as suas gentes, os seus costumes, as suas paisagens, os seus aspectos distintivos” (Através do Brasil, 2000, p. 46). Busca-se, assim, de maneira pedagógica, apresentar o Brasil aos jovens leitores, incutindo-lhes a ideia de unidade nacional.

A continuada atuação de Bomfim nos domínios da pedagogia e a militância em prol da educação popular, aliadas ao seu nacionalismo, se conectam às incursões que fez no campo da história, iniciada com o livro América Latina. Males de origem (1905). A contribuição buscava reagir à “(...) reputação perversamente malévola de que é vítima [na Europa] a América do Sul; (América Latina..., 1993, p.35). Não obstante, o autor admite que “(...) os povos sul-americanos se apresentam, hoje, num estado que mal lhes dá direito a ser considerados povos civilizados” (p. 49).

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