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Apesar da recepção favorável da imprensa no seu lançamento, o livro América Latina: males de origem foi desqualificado pelo crítico Silvio Romero, conterrâneo de Bomfim e figura proeminente nos círculos letrados luso-brasileiros, um dos maiores adeptos das teorias da superioridade da raça ariana ou germânica sobre as raças inferiores e as populações mestiças. Diga-se de passagem, os comentadores costumam valorizar esta polêmica, ora privilegiam o debate sobre as teorias racialistas, ora centram o foco na disputa travada entre os dois sergipanos pelo prestígio no campo intelectual (Aguiar, O rebelde esquecido…, 2013, p. 17; Sussekind, “Manoel Bomfim. A América Latina…”, 2000, p. 609). A glosa de Romero, porém, não incide apenas sobre contradiscurso de Bomfim a respeito da mestiçagem. No juízo do crítico, o médico e educador abusara das metáforas, e suas referências históricas se limitavam a obras de Rocha Pombo e de Oliveira Martins. Acusa-o de: “(...) ‘parasitar’ sobre o sonhador Oliveira Martins; basta que se repare nesta terrível proporção: em 2276 linhas que se contam nos três capítulos da referida terceira parte – 1144, (…), são tiradas do autor português” (Romero, 1906, p. 52). E vai mais longe, adverte que Oliveira Martins seria o verdadeiro autor da teoria do parasitismo dos povos ibéricos (Romero, “Manoel Bomfim. A América Latina…”, 1906, p. 95), questão retomada um século mais tarde por Sergio Campos Matos. (Matos, “Manoel Bomfim e Oliveira Martins…”, 2015, p. 61).
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