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BEAZLEY, Charles Raymond | |||||||||||||
O primeiro volume incide sobre o período que Beazley designou de “Dark Ages” (séculos IV-IX), por considerar que o mundo cristão se colocou na retaguarda da exploração geográfica, não só devido ao “rapid, perhaps too rapid, development of the Arab mind”, mas também ao trabalho de propaganda budista. No seu ponto de vista, este tempo ficou marcado pela proeminência das concepções religiosas na produção científica, tanto no plano teórico como ao nível prático, e pelas viagens de peregrinação e missionação. Frisou, aliás, que o fervor religioso terá sido a principal causa de várias importantes empresas no que à exploração geográfica diz respeito. No entanto, esse mesmo fervor não terá permitido registar de forma científica o conhecimento adquirido, pois “the chiefs cosmographies or geographies are written for religious interests, and in a religious spirit” (The Dawn..., 1897, pp. VII e 2-3). Deve referir-se, ainda neste volume, o capítulo que Beazley dedicou às regiões asiáticas, com foco nas geografias chinesa e árabe. O segundo volume centra-se no que o historiador britânico denominou de Idade Média Central (séculos X-XIII), tendo destacado desde logo as viagens dos povos nórdicos como prelúdio das cruzadas e ponto de partida para a expansão comercial, territorial e espiritual dos povos europeus. Essa expansão e uma certa suplantação dos motivos religiosos pelas motivações mercantis e políticas permitiram à Europa Cristã reassumir a posição que perdera para o mundo bizantino e operar uma mudança substancial em diversas áreas. Destaca-se, entre outros, o campo da Geografia, no qual ter-se-á verificado um progresso significativo. A despeito de estes dois primeiros volumes contemplarem uma cronologia extensa, sobretudo quando comparada com a do terceiro e último volume, e de se ocuparem de tópicos centrais na caracterização da época medieval, é justamente esse último que apresenta maior interesse para a história do passado português. Tendo como ponto de partida da sua análise o desfecho das Cruzadas, Beazley direccionou a sua atenção para o desenrolar do século XIV e para os inícios da centúria seguinte, focando-se, por um lado, nas jornadas de alguns viajantes em território asiático, e, por outro, nas campanhas marítimas empreendidas por algumas nações europeias. É no contexto destas campanhas que Portugal se torna matéria de interesse para o historiador britânico. Situando a fundação da marinha portuguesa no ano de 1317, durante o reinado de D. Dinis, Beazley apontou para 1341 a primeira aventura marítima dos portugueses, que, juntamente com navegadores italianos, protagonizaram a primeira expedição no Atlântico subsidiada por estados europeus. O que, todavia, mais importa notar sobre a história portuguesa em The Dawn of Modern Geography prende-se com o papel que o historiador atribuiu aos portugueses, nomeadamente ao Infante D. Henrique, na transição para a era moderna. Segundo ele, foram as explorações portuguesas sob o comando do Infante D. Henrique “the point where «medieval» expansion really becomes a part of «modern» history” (Idem, 1906, p. 541). Eventos posteriores às expedições fomentadas pelo Infante, como a dobragem do Cabo da Boa Esperança e as viagens de Vasco da Gama e Cristóvão Colombo, definem uma época que, a seu ver, se distingue inequivocamente da Idade Média.. |
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