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BEAZLEY, Charles Raymond | |||||||||||||
Publicou, em 1895, no âmbito da série Heroes of The Nations, a biografia Prince Henry the Navigator, na qual procurou analisar a vida e o pensamento do Infante D. Henrique detalhadamente. Embora tenha seguido, dentro do panorama historiográfico britânico, a monografia de Major, reconhecendo-a como uma das suas principais referências na elaboração deste trabalho, Beazley apresentou uma perspectiva distinta acerca do Infante, interpretando-o “dentro de uma longa série de antecedentes europeus […], ao mesmo tempo que analisa o tempo histórico específico português” (Jorge Borges Macedo, A Historiografia Britânica..., 1973, p. 26). Consciente da inerente relação entre épocas, perfilhou a ideia de que a vida e, sobretudo, a obra de D. Henrique apenas podem ser plenamente entendidas quando considerados os seus antecedentes e subsequentes. Não surpreende, portanto, que os primeiros capítulos desta biografia tenham sido dedicados aos precedentes da exploração marítima dos séculos XV e XVI, remontando aos primórdios do conhecimento geográfico medieval, às expedições dos povos nórdicos, às primeiras jornadas de peregrinação cristã e às Cruzadas. Todas elas, aliás, questões que viriam a ser aprofundadas em The Dawn of Modern Geography. Do mesmo modo que Beazley afirmou que a acção de D. Henrique não poderia ter sido consumada – e não pode, por conseguinte, ser compreendida – “without each and every part of that many-sided preparation in the history of the past”, reconheceu também que os êxitos das gerações posteriores não poderiam ter sido alcançados sem o ímpeto que o Infante deu à exploração marítima e sem o conhecimento que o seu labor provindenciou no campo da navegação. Mas o historiador vai mais longe. Embora tenha ressaltado os feitos de D. Henrique, como ter dado os primeiros passos na descoberta do caminho para a Índia e na conversão dos povos indígenas à religião cristã, Beazley declarou que a importância histórica do Infante não reside tanto nos feitos propriamente ditos, mas antes na repercussão que a sua acção teve nas gerações ulteriores. Admitindo aceitar a mítica tradição da Escola de Sagres – presente na historiografia portuguesa oitocentista e da primeira metade do século XX, e à qual Beazley dedicou um capítulo da biografia –, o historiador considera que terá sido essa “school of thought and practice” que permitiu aos navegadores das gerações seguintes atingir os seus êxitos. A seu ver, foi o carácter “infinitely suggestive” do projecto marítimo de D. Henrique que fez dele o líder “of a true Renaissance and Reformation” e uma figura histórica cuja obra extravasa as fronteiras nacionais. Compreende-se, assim, que a vida de D. Henrique surja na interpretação de Raymond Beazley como “the turning-point, the central epoch in a development of many years”, e que ele seja considerado a principal figura do passado português. |
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