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BEAZLEY, Charles Raymond | |||||||||||||
Tal perspectiva sobre a experiência histórica portuguesa e, em particular, sobre o Infante D. Henrique, não era novidade no panorama historiográfico de Raymond Beazley. Num artigo publicado em 1894, sob o título “The Colonial Empire of the Portuguese to the Death of Albuquerque”, o historiador tinha já deixado entrever um pouco da sua interpretação acerca do papel dos portugueses nos primórdios da era moderna, apontando o início da expansão marítima como ponto de viragem do mundo medieval para o mundo moderno. Neste estudo, que terá sido o primeiro a sair da pena de Beazley sobre história de Portugal, abordou ainda a questão da edificação do império português no Oriente. Considerando, por um lado, que o domínio português nas regiões do Índico tem, em certos aspectos – e muito devido ao seu pioneirismo –, valor superior ao da presença de outras nações europeias na região. Por outro, afirmou que a presença portuguesa no Oriente apenas adquiriu contornos verdadeiramente imperiais com a acção de Afonso de Albuquerque enquanto governador do Estado Português da Índia. Francisco de Almeida, antecessor de Albuquerque e primeiro Vice-Rei, tinha já tomado “a more political view of things than the discoverers and traders who had preceded him”. Mas foi, na sua óptica, o 1.º Duque de Goa o principal responsável pela expansão do domínio português na região, não só ao nível comercial, mas também, e sobretudo, nos planos político e territorial. Com a sua morte em 1515, o império português, considerado pelo historiador como o primeiro império colonial da Europa Moderna, vir-se-ia revertido “to the simpler, safer and smaller ambitions of a commercial empire” (“The Colonial...”, 1894, p. 125). Embora tenha reconhecido que grandes feitos exigem sempre vários heróis, Beazley reservou a Afonso de Albuquerque uma posição de destaque naqueles que afirmou terem sido os tempos de glória dos portugueses. No que à história de Portugal diz respeito, questões relacionadas com a expansão marítima e a presença portuguesa no Oriente foram frequente matéria de análise entre historiadores e geógrafos britânicos da segunda metade do século XIX e inícios do XX. Richard H. Major trouxe a público, em 1868, uma biografia do Infante D. Henrique. Frederick C. Danvers estudou a ascensão e o declínio do império português na Índia, dedicando, inclusivamente, o seu trabalho à memória do Infante D. Henrique. The Rise of Portuguese Power in India 1497-1550 foi publicado por Richard S. Whiteway, que também traduziu para inglês e editou, sob o título The Portuguese Expedition to Abyssinia in 1541-1543, a obra de Miguel de Castanhoso. Em The Story of Portugal, Henry Morse Stephens distinguiu os séculos XV e XVI como tempos áureos de Portugal, tendo ainda publicado uma biografia de Afonso de Albuquerque. Considerando as referências ao passado português em The Dawn of Modern Geography e o artigo publicado em 1894, torna-se evidente que o trabalho de Beazley se integra nesta tendência da historiografia britânica. No entanto, o seu interesse por este período da história portuguesa não se esgota nos dois estudos mencionados acima. |
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