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Celebrar o Brasil em 1922 significava assinalar o período áureo da História nacional como salientar o testemunho coevo do mesmo consumado na integridade territorial da antiga colónia no percurso dos cem anos subsequentes, uma perspectiva analítica legitimadora da abordagem eurocêntrica traduzida na afectação integral do primeiro volume aos Descobrimentos Portugueses. O contributo português assumia uma feição de imprescindibilidade no processo civilizacional, responsável pela criação de uma comunidade de contornos específicos, subsidiária também dos padrões socio-culturais da “civilização europeia continental”. Mais induzia a uma análise sistemática das temáticas tratadas (relativas aos sécs XV e XVI) onde o predomínio das vertentes política, diplomática e militar a inscreviam no domínio historiográfico tradicionalista, também a influência positivista, patente na abordadem de percursos individuais cuja valia se projectou nas dimensões espacio-temporais subsequentes. Sem prejuízo do interesse manifesto pela organização administrativa do território, pela valência tecnológica subjacente à expansão portuguesa ou pelos fluxos comerciais gerados no espaço brasileiro. Concebida como iniciativa editorial de referência no panorama historiográfico nacional, a História da Colonização Portuguesa do Brasil assinalava o ingresso de Carlos Malheiro Dias no exercício historiográfico, tardio se aferida a ligação estreita do autor à História. E, pontual, como se depreende das opções subsequentes onde o estudo da evolução histórica readquiria a feição supletiva, constante até à década de 20. Paradigmática desta visão, a polémica com António Sérgio em torno da figura de D.Sebastião (O Desejado: depoimentos de contemporâneos de D. Sebastião. Precedidos de uma carta prefácio a Carlos Malheiro Dias, 1924), na esteira da publicação da obra de Antero de Figueiredo, revelava uma relação instrumental do autor, então convicto sobre o malogro do projecto liberal (sob as formas monárquica ou republicana) na sociedade portuguesa, com a História, repositório onde procurava argumentos para robustecer o enaltecimento do rei jovem morto em Alcácer Quibir e confrontar o racionalismo sergiano. |
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