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Independentemente do seu engajamento político claramente anticolonial, James Duffy foi um historiador rigoroso e competente, tendo produzido vários trabalhos dignos de nota sobre o colonialismo português em África. Em 1959, publicou Portuguese Africa, pela Harvard University Press, com o patrocínio da Ford Foundation. Poucos anos depois, em 1962, publicou Portugal in Africa, pela Penguin Books. Este livro, objecto de várias reedições, tal como o anterior, contém um editorial da autoria de Ronald Segal, centrado na temática das “políticas coloniais iliberais”, preparando assim o leitor para o teor crítico da obra. De facto, nestes dois livros, James Duffy realizou uma avaliação crítica – historiograficamente sustentada – da presença colonial portuguesa em Angola e em Moçambique, desde o século XVI até à década de 1950. Descartando mitos e “fantasias” politicamente construídas acerca do colonialismo português, estabeleceu numa perspetiva histórica e de forma contextualizada as realidades da presença portuguesa no continente africano, debruçando-se sobre a alegada “missão colonizadora” – também dita “civilizadora” - de Portugal em África. Para o efeito, Duffy teve em consideração um conjunto de questões não só de ordem política, mas também de ordem económica, social e cultural, nomeadamente os problemas decorrentes da política indígena, do povoamento branco, do desenvolvimento económico, social e cultural das populações africanas, da exploração dos recursos naturais dos territórios submetidos à administração portuguesa, etc. Num balanço global, Duffy considerou que Portugal não teria sido “bem-sucedido” na promoção da elevação das condições de vida das populações colonizadas, questionando se esse seria o real objectivo da “missão colonizadora” portuguesa. E, muito embora tivesse admitido a validade das reivindicações portuguesas de tolerância racial, pelo menos em comparação com outras realidades mais profundamente marcadas pelo racismo e pela segregação racial (por exemplo a África do Sul), considerou que Portugal mantinha a maioria da população africana numa situação de pobreza e de ignorância, submetendo-a a um regime de exploração contínua, em especial no campo laboral. |
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