De famílias modestas, com formação de professor do ensino primário, tendo mesmo leccionado na Casa Pia, no entanto fez do jornalismo a sua profissão. Não tendo a sua formação escolar sido muito extensa, completou essa aprendizagem com leituras da melhor qualidade que aqui e ali indica. Dotado de uma utensilagem intelectual notável, dominava os segredos de uma escrita corredia que se torna atraente. Como jornalista tinha acesso aos despachos internacionais das agências que chegavam às redacções dos jornais sem passagem pela censura, informações que soube aproveitar. Beneficiou do convívio com jornalistas e escritores de rara qualidade como Joaquim Manso, Norberto Lopes, Mário Neves, José Ribeiro dos Santos ou Raul Rêgo.

Foi um notável comentador da vida internacional. A sua actividade profissional cedo se confunde com a vocação de historiador. Dedicado à política internacional cujas crónicas publicou em vários periódicos, em especial no Diário de Lisboa (no qual trabalhou durante 42 anos), em 1941, e com chancela da Livraria Sá da Costa de Lisboa, fez sair um utilíssimo ABC da política mundial em que organiza alfabeticamente breves referências geográficas, históricas, instituições e nomes de relevantes políticos. Assim fornecia elementos rudimentares para os muitos leitores interessados em seguir os relatos e comentários da política internacional durante o conflito mundial a que se dedica. “Os nomes, nem sempre fáceis de reter, começam a pesar na memória dos leitores.” (ABC, n / n) Foi também a Guerra que o levou a publicar uma conjunto de livros em que reuniu crónicas suas. Livros de jornalista, assentes na actualidade que procura compreender e explicar, com uma não escondida simpatia para com a Inglaterra e os Estados Unidos que depois do ataque alemão de 1941 estende à Rússia soviética.

Essas obras que publica durante a guerra, entre 1940 e 1946, são excelentes, não apenas como explicação do desenrolar do conflito, com atenção especial à Europa, pois vão muito além do relato do que se está passando para mostrar ao leitor as possíveis razões e consequências das ocorrências da actualidade. À curiosidade e angústia dos leitores que acompanhavam os acontecimentos do grande cataclismo vai procurar fornecer elementos para reflexão. Inicia a série um livro muito documentado, Assim estalou a guerra. Organizado sobre os documentos diplomáticos revelados pelo “Livro Branco” alemão, “Livro Azul” inglês e “Livro amarelo” francês. O que desde logo nos envia para a estreita dependência desta escrita com os documentos e sua conformidade com o que estava devidamente confirmado. CF tem uma constante preocupação explicativa – sobretudo pela comparação com o conflito de 1914-1918 – que enriquece a obra.

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