Celso Furtado nasceu em uma pequena cidade do sertão da Paraíba chamada Pombal. Era filho de Maurício de Medeiros Furtado, advogado que acompanharia a tradição de magistrados da família, e de Maria Alice Monteiro, herdeira de proprietários de terra da região. Os oito filhos do casal tiveram uma infância marcada pelas dificuldades da vida no sertão. Ainda menino, em 1927, mudou-se com a família para a capital do estado da Paraíba, onde iniciou seus estudos no Liceu Paraibano e, um pouco mais tarde, quando a família se transferiu para o Recife, no Ginásio Pernambucano. Chegou ao Rio de Janeiro em 1939, onde estudaria Direito na então Universidade do Brasil e viveria em pensões. Trabalhou nesta época na Revista da Semana, como secretário de redação, e no Correio da Manhã, como revisor. Em 1943 tornou-se funcionário público federal após aprovação em concurso para Assistente de Organização do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP). Na Revista do Serviço Público publicou os primeiros artigos que já evidenciavam sua preocupação com a administração pública.

Formado, seguiu para a Itália como aspirante a oficial da Força Expedicionária Brasileira (FEB) no início de 1945. A Guerra já estava em seus últimos meses e ele retornaria ao Brasil ainda em Agosto, mas a experiência daria origem ao seu primeiro livro, Contos da Vida Expedicionária – De Nápoles a Paris, que seria publicado em 1946. Uma obra de ficção que, no entanto, não indicava uma vocação. Em Dezembro de 1946 seguiria para Paris, decidido a não cumprir a tradição de magistrados da família: optou pelo Doutorado em economia na Universidade de Paris, que finalizaria em 1948, quando tinha 28 anos. A tese, intitulada L´économie coloniale brésilienne, seria publicada pela primeira vez no Brasil em 2001 com o título Economia colonial no Brasil nos séculos XVI e XVII – elementos de história econômica aplicados à análise de problemas econômicos e sociais. Ainda neste ano de 1948 retornaria ao Brasil e trabalharia como economista junto à Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro.

Em 1949 iniciou a mais profícua das suas atividades: nomeado para o corpo permanente de economistas da Organização das Nações Unidas (ONU), integrou a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) em Santiago do Chile. Intelectual e interventor, pôde, por meio dos cargos que exerceu a partir de então e dos textos que escreveu, informar políticas públicas que influenciaram fortemente o Brasil e a América Latina.

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