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Em 1941 e novamente em 1952, foi bolseiro do Instituto de Alta Cultura em Itália. Como bolseiro ou leitor trabalhou nos arquivos e bibliotecas de localidades como Grenoble, Estrasburgo, Bruxelas, Haia, Roma, Florença, Madrid, Bruxelas, Londres ou Cambridge. No seu primeiro leitorado em Paris foi aluno de insignes historiadores tais como Marcel Bataillon, no Collège de France, e Jean Bayet, na Sorbonne. No segundo leitorado na Sorbonne laborou sob orientação de George Le Gentil, Robert Ricard e Léon Bourdon, professores catedráticos de Estudos Portugueses. Concluiu, a 31 de Janeiro de 1959, o seu doutoramento com o prestamento de provas públicas, tendo sido o segundo português a ser consagrado doutor de Estado na Sorbonne (o primeiro foi Vasco de Magalhães Vilhena, em 1949, cujas tese principal e complementar abordavam o estudo de Sócrates e Platão). A sua tese principal, L’Expansion Portugaise dans la Littérature Latine de la Renaissance , foi arguida pelos professores Robert Ricard, Michel Mollat e Léon Bourdon, enquanto a tese complementar, La Correspondance Latine de Damião de Goes , foi pelos professores Marcel Bataillon e Jacques Perret. Luís de Matos logrou a classificação “mention très honorable à l’unanimité”. A sua tese de doutoramento foi somente publicada pela Fundação Calouste Gulbenkian em 1991, numa versão revista e melhorada, no volume inaugural da série “Descobrimentos Portugueses e Ciência Moderna”, que lhe valeu o prémio D. João de Castro por parte da Comissão dos Descobrimentos. Neste trabalho, Luís Matos apresenta a Expansão Portuguesa nos séculos XV e XVI segundo uma problemática histórico-filológica transposta pelos textos latinos do Renascimento. O historiador não entra, contudo, logo nos textos, tendo elaborado, na introdução, uma reflexão sobre a sociedade portuguesa de Quatrocentos e Quinhentos e a influência da Expansão em todos os aspectos da vida social, literária e linguística da época. Os indicativos da influência da expansão portuguesa começam com uma análise de fora para dentro, i.e., dos humanistas italianos, tendo Luís de Matos mormente analisado o interesse que Cataldo Sículo, que se estabeleceu em Portugal, teve pela Expansão portuguesa. Seguiu-se uma verificação no que tange à influência dos relatos de viagem do século XV, tendo o historiador continuado o seu estudo a partir das Orações de Obediência perante o Pontífice. A correspondência dos mercantes e diplomatas italianos marca a passagem do século XV para o século XVI, tendo o historiador igualmente considerado o Mundus Novus atribuído a Américo Vespúcio e as cartas da chancelaria portuguesa à Santa Sé. Especialmente pertinentes são os últimos capítulos desta obra em que o historiador indaga sobre a relação entre a Utopia de Thomas More e a Expansão Portuguesa. Luís de Matos foi o primeiro académico a defender que o Itinerarium Portugallensium (cuja introdução fez para a edição fac-símile de 1992, publicada pela Fundação Calouste Gulbenkian) terá influenciado More na redacção da Utopia . O historiador dedicou-se também à análise da obra latina concebida por portugueses na Europa, com especial atenção a André de Resende e Damião de Góis. O estudo do poema épico sobre o Brasil do jesuíta José de Anchieta De rebus gestis Mendi de Saa é outro dos pontos a ressaltar. O último capítulo da magnum opus de Luís de Matos consistiu no asseverar do valor historiográfico do De rebus Emmanuelis gestis de Jerónimo Osório. Esta obra frisa, de facto, a influência dos humanistas portugueses no movimento renascentista e o intercâmbio português que promoveu a permanência em Portugal de humanistas vindos de vários pontos da Europa. O historiador já tinha, com efeito, no seu primeiro trabalho (“O Humanista Diogo de Teive”. Revista da Universidade de Coimbra . Coimbra, n.º 13, 1937, pp. 215-270), e especialmente no segundo estudo, que consistiu num prefácio à edição Quatro Orações Latinas (1937), enfatizado o intercâmbio e a influência europeia no humanismo português, que considerou cosmopolita, aspecto que, como ressalta José Subtil, perpassa toda a obra de Luís de Matos (José Manuel Subtil, “Luís de Matos (1911-1995)”. Anais, Série História . Vol. 3/4, 1996/1997, p. 315). No final do prefácio à edição das Quatro Orações Latinas , Luís de Matos afirma que foi no século XVI o tempo em que Portugal “mais se elevou no plano da cultura. Perdido o contacto com a Europa, decaiu rapidamente” (p. XXI). Esta ideia de decadência, resultante do processo de isolamento cultural, seria posteriormente retomada por outros historiadores da cultura portuguesa, como António José Saraiva (José Manuel Subtil, “Luís de Matos (1911-1995)”. Anais, Série História . Vol. 3/4, 1996/1997, pp. 315-316; cf. u.g. António José Saraiva, História da Cultura em Portugal. Vol. I …, 2000. Conquanto António Sérgio tivesse sustentado a ideia de decadência desde o segundo decénio do século XX, Luís de Matos não parece ter-se inspirado nela para elaborar esta tese). |
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