Mendes Corrêa, nome pelo qual assinava e ficou conhecido em vida, nasceu na rua do Almada, em plena baixa portuense, a 4 de Abril de 1888, do matrimónio do doutor António Maria Esteves Mendes Correia e D. Etelvina Marques Mendes Correia, família de classe média que se afirmara pelo desempenho da actividade clínica da figura paterna. Na realidade este último alcançara alguma projecção social na cidade, através da amizade com Oliveira Martins e Luciano de Castro, exercendo localmente os cargos de vereador municipal, mesário da Misericórdia e de secretário da Sociedade de Geografia Comercial do Porto.

Seguindo o seu exemplo, depois de concluída a instrução primária e liceal na cidade natal, Mendes Corrêa matriculou-se na Academia Politécnica do Porto para cursar os preparatórios de Medicina (1904-106), findos os quais passou à Escola Médico-Cirúrgica do Porto, destacando-se como aluno de mérito com algumas publicações e conferências, concluindo o curso com a classificação de 19 valores em 1911. Em ambas as escolas o currículo de cariz científico-técnico e as práticas metodológicas de forte destaque para o culto da ciência aplicada não foram alheios à incidência que a corrente positivista assumiria no seu pensamento, apresentando na sua dissertação final, O génio e o talento da Patologia, um estudo científico-clínico da natureza dos alienados sob o emergente ponto de vista antropológico.

Pouco atraído pela carreira clínica face à investigação científica em Psiquiatria e Antropologia Criminal, reforçada pela passagem como médico-antropologista na Tutoria Central da Infância da Comarca do Porto, aceitou o convite para uma carreira universitária na recém-criada Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, principiando uma ligação institucional que perdurou por longos anos: 2.º assistente provisório (1911), 1.º assistente provisório (1912), 2º assistente efectivo (1913), professor ordinário e secretário (1921) e seu director (1929 e 1932).

Aquando da efémera vida da 1.ª Faculdade de Letras do Porto passou a leccionar acumulativamente como professor contratado do grupo de Ciências Geográficas (1919), posteriormente professor ordinário (1921), dispondo-se a reger também as cadeiras de Arqueologia, Etnologia, Antropogeografia e Etnografia; sendo-lhe outorgado institucionalmente os graus de doutor em Ciências Histórico-Naturais (1922) e Ciências Geográficas (1925) pela Universidade do Porto.

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