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Com Dodds, em particular, viria a estudar Literatura e Religião Gregas, com Beazley faria a sua iniciação no estudo de vasos gregos, o que lhe permitiu inaugurar um campo de estudo até então praticamente inédito em Portugal. Ainda hoje, no nosso país, M. H. da Rocha Pereira é o nome que convoca maior autoridade não só em cerâmica grega, como em arte grega em geral. Foi na sequência do trabalho desenvolvido com J. Beazley que M. H. da Rocha Pereira publicou a obra seminal Greek Vases in Portugal (Rocha Pereira, 1962 = Rocha Pereira, 2016: 127-310), com novos “Supplements” saídos em 1967 e em 2008 (= Rocha Pereira, 2016: 311-319 e 321-329, respetivamente). Até ao final da sua vida, a classicista jamais abandonaria o interesse e o gosto pela cerâmica grega, mantendo-se sempre atualizada relativamente a esse assunto e ligada a várias publicações sobre a matéria. O estudo que faz dos vasos gregos é, aliás, particularmente revelador das suas amplas conexões nacionais e internacionais, num período em que a mobilidade académica estava ainda muito longe de conhecer as facilidades que hoje lhe assistem. Devemos-lhe, por exemplo, o reconhecimento do “Lisbon Painter”, nome que lhe foi sugerido por um colega neo‑zelandês especialista no tema, A. D. Trendall, pelo facto de o referido pintor grego, anónimo, ter sido identificado por ela. Quando regressou de Oxford, depois da primeira estadia, em 1951, M. H. da Rocha Pereira foi contratada como Assistente pela Universidade de Coimbra. Cinco anos depois, em 1956, e ao fim de uma longa espera de dezoito meses para marcação de provas públicas, M. H. da Rocha Pereira tornou-se a primeira mulher a obter o grau de Doutor por aquela Universidade. Em 1962, prestou provas provas públicas para a categoria de Professor Extraordinário e, em 1964, para Professor Catedrático. De entre os cargos que ocupou na sua Universidade, destacam-se os de Vice-Reitora, de Presidente do Conselho Científico da Faculdade de Letras e de Diretora dos Institutos de Estudos Clássicos e de Arqueologia da mesma Faculdade. A Professora Doutora Maria Helena da Rocha Pereira jubilou-se, por exigência da lei, em 1995, aos setenta anos de idade. Nessa data, porém, apenas terminou a sua função letiva oficial, pois a dedicação à ciência e aos Estudos Clássicos em particular continuou até praticamente à sua morte, em 2017, partilhando conhecimento e saber com colegas e discípulos. A M. H. da Rocha Pereira deve-se a criação de uma “escola de Estudos Clássicos”, que ultrapassa os limites da Universidade de Coimbra, no sentido mais puro e exigente do termo, expressa em primeiro lugar nos estudos gregos (história, cultura, literatura e arte), que colhiam a sua predileção, mas visível igualmente nos estudos latinos e neolatinos (medievais e renascentistas), bem como no campo fértil da identificação e análise da perenidade da cultura clássica na literatura portuguesa. |
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