António Sérgio reagiu (Paris, 1932), num texto mais tarde publicado no Vol. IV dos Ensaios. Sem nunca expressamente mencionar o seu crítico, o ensaísta acusou-o de reaccionário com alegações destituídas de base histórica, apenas remetendo para declarações de princípio sobre o sistema da formação das ideias interpretativas da realidade. Na época, a questão ficou por aqui, dada a ausência de réplica por parte de Mário de Albuquerque. O valor intrínseco das suas objecções acabou por cair no esquecimento, apagado face à habitual divulgação das posições sergianas no meio intelectual e académico.

Entre as suas teses, destacam-se as formuladas sobre a História de Portugal - O claro génio lusíada e O mito da decadência - tanto pelos elementos críticos, como pelas características inovadoras, contribuindo para uma ampla definição antropológica do português e desfazendo preconceitos sobre a «falsa ideia da decadência portuguesa» (p. 284). No ensaio sobre O Simbolismo do Escudo Nacional avançou com originais propostas interpretativas. Nas restantes teses – O Falso Helenismo da Renascença, A Renovação Científica do Século XVI e As linhas Políticas da Arquitectura – encontramos a mesma preocupação em precisar os conceitos e em questionar as ideais feitas, atitude que será uma constante na sua acção de docente universitário.

Poucos meses após o doutoramento, obteve no Liceu Pedro Nunes (29 de Abril de 1931) o seu diploma de Exame de Estado (5º grupo), com a classificação de 16 valores. A passagem pela docência liceal foi breve, apenas um ano como professor agregado do Liceu Sá da Bandeira (Santarém), mas em exercício no Liceu Passos Manuel (Lisboa). Uma vaga aberta pela aposentação de Francisco de Paulo Reis Santos, possibilitou o seu contrato como professor auxiliar provisório da Faculdade de Letras (15 de Novembro de 1932) para leccionar a cadeira de História Geral da Civilização e trabalhos práticos, regência que manteve até 1947.

Meses antes, tinha casado, em Almada (18 de Junho de 1932), com D. Maria Manuela Joana Ferreira Côrte-Real de Albuquerque, de quem teve cinco filhos. Os dois rapazes, Rui e Martim, licenciaram-se e doutoraram-se em Direito, dedicando-se à História como docentes e investigadores do grupo de Ciências Histórico-jurídicas da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

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