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José-Augusto França (JAF) nasceu em Tomar, numa família da pequena burguesia que articulava as origens rurais, os cargos modestos da administração pública e o comércio, actividade em que o pai haveria de singrar com considerável sucesso depois da instalação definitiva em Lisboa, quando JAF tinha poucos meses de idade. Influenciado pelo pai, adquiriu, desde cedo, o gosto pela leitura (romances, poesia e jornais), pelo teatro e cinema. Frequentou o Liceu Gil Vicente, à Graça e, nesses anos, habituou-se a calcorrear e amar Lisboa que virá a ser componente fundamental da sua obra. Frequentou a licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras de Lisboa, ainda instalada no ex-Convento de Jesus (1941/45). Muito crítico em relação ao ensino ministrado, distinguiu, no corpo docente, Francisco Vieira de Almeida, professor de Filosofia. Nunca terminou o curso mas esse foi um tempo de intensa auto-formação e exercício da escrita e, brevemente, da pintura. A morte do pai, quando JAF tinha vinte anos, obrigou-o a dedicar-se aos negócios da família e a aceitar a possibilidade de carreira em Angola de que rapidamente desistiu mas, sobre essa experiência de um ano, escreveu o seu primeiro romance, Natureza Morta, publicado em 1949. A partir de 1946, já casado e apoiado pela família da mulher (Casa Leonel, ao Chiado), começou a viajar, Madrid primeiro e logo depois Paris. Nas duas décadas seguintes, desenvolveu actividades multidireccionais, escrevendo crítica de cinema e crítica de arte para o Horizonte, Jornal das Artes. Entre 1947 e 1949, foi um dos fundadores do Grupo Surrealista de Lisboa (com António Pedro, Fernando de Azevedo, Marcelino Vespeira, Fernando Lemos e outros) em convívio decisivo para definir alguns aspectos fundamentais da sua futura carreira: a opção pelo surrealismo como corrente determinante da arte do século XX que, no caso português, se opõe, em guerrilha permanente, ao Neo-Realismo. Na década de 1950, envolve-se em actividade editorial regular, co-dirigindo as segunda e terceira séries de Cadernos de Poesia, com Jorge de Sena, José Blanc de Portugal e Ruy Cinatti, dirigindo as revistas Córnio, (edição de autor, 5 números, 1951/56) e escrevendo com regularidade para o Comércio do Porto (1952/54). Partiu para Paris como bolseiro do estado francês em 1959 (até 1962), tendo estudado com Pierre Francastel na École Pratique des Hautes Études. Obteve os graus de Doutor em História pela Universidade de Paris em 1962 (Une Ville des Lumères: la Lisbonne de Pombal) e de Doutor em Letras e Ciências Humanas pela mesma Universidade (Le Romantisme au Portugal: Étude de Faits Socio-Culturels). A escrita regular para jornais e revistas manteve-se uma das actividades permanentes de JAF, sendo de destacar os “Folhetins Artísticos” no Diário de Lisboa (500 artigos entre 1968 e 1987); “Pintura e Não!”(integrada na revista Arquitectura, 7 números, 1969/1970), neste caso, no âmbito da reorganização da secção Portuguesa da A.I.C.A (Association Internationale des Critiques d’Art) de que foi eleito primeiro presidente; Art d’Aujourd’hui (1960/70); e Colóquio/Artes que dirigiu entre 1970 e 1996, e onde publicou centenas de artigos. Co-organizou, dirigiu e participou com numerosos artigos no Dicionário da Pintura Universal, Estúdios Cor, 1959/73. Fundou, com Fernando Lemos, a Galeria de Março (1952/54) em que apresentou numerosas exposições, nomeadamente o primeiro salão nacional consagrado à arte abstracta. |
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