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FERREIRA, David Mourão |
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O ponto nodal a fixar é o da circulação do sentido, das fontes e do saber de David Mourão-Ferreira crítico, tradutor e omnívoro leitor, juntando-se-lhe a “correspondência harmoniosa” a que já se fez alusão entre temas e motivos que perduram, como a vanitas, a temporalidade, a morte e os afectos, consolidando uma meditação sobre o humano que não cessará de buscar. O propósito antológico, segui-lo-á também em outros lugares, nomeadamente nos três volumes da série Portugal – A terra e o homem – Antologia de textos de escritores do século XX (1979, em seu nome próprio; 1980 e 1981, com Maria Alzira Seixo). É notável, para aquele tempo, a escolha criteriosa e muito aberta de autores e dos seus textos, sempre apresentados por sucintas e claríssimas notas biobibliográficas, constituindo um alfobre de pistas que o leitor de hoje seguirá com proveito. No impecável rigor que se manifesta na autocrítica, Mourão-Ferreira não hesita em se rever e se avaliar, num gesto que se manifesta com clareza em vários prefácios aos volumes de ensaio. É o caso da “Nota para a 2ª edição de Vinte poetas contemporâneos”, de 1979 (1ªed.1960), ou o da “Nota prévia” de 1991 a Tópicos recuperados: sobre a crítica e outros ensaios (1992), volume que recupera não só Tópicos de crítica e de história literária (1969), como ensaios de Motim literário (1962), de Sobre viventes (1976) e de Lâmpadas no escuro (1979), aos quais acrescenta “mais dois” textos “até à data inéditos em livro”. São eles “Para uma teoria dos géneros literários”, datado de 1948 (quando tem apenas vinte e um anos; publicado na Seara Nova, 1950), e “Comparatismo e extraterritorialidade: Valéry Larbaud”, de 89. Neste arco temporal, pondo a par textos de juventude e de maturidade, uma vez ainda se descortina o modo orgânico que caracteriza um pensamento capaz de se olhar criticamente como um processo, naquela “visão poligonal da literatura” (título do ensaio de 1963, colhido na visão da História de Herculano) e de si mesmo que transversamente percorre o seu ofício. Anote-se que em muitas ocasiões o sujeito textual em primeira pessoa se manifesta, declinando cambiantes do efeito na sua formação e no seu gosto dos autores a que dedica atenção, sem que tal implique o mínimo deslize no rigor da análise que empreende. |
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