P. Hourcade informa-nos que todos os verões P. D. saía de Coimbra para Lisboa, a fim de participar no júri das provas orais do bacharelato ministrado pelo Instituto Francês. Também no verão, quando se deslocava a França, leccionava em cursos da École Normale (Paris).

Todo o seu percurso de vida foi, pois, dedicado à investigação e ao ensino, pertencendo ao raro conjunto de mestres que, à maneira medieval, poderia ensinar em qualquer parte do mundo. Mesmo das suas actividades pastorais conhecemos muito pouco: somente, para Coimbra, temos o testemunho de Pierre Hourcade, que nos faz vislumbrar acções apostólicas e caritativas.

É óbvio que a sua qualidade de eclesiástico lhe proporcionou itinerância, também ela fruto das vicissitudes dos dois conflitos mundiais por que passou. Segundo seu próprio testemunho na cerimónia de doutoramento honoris causa (vd. infra), tomou Portugal como sua segunda pátria. Os catorze anos passou em Coimbra foram aplicados ao ensino e à investigação das mais complexas questões da Idade Média portuguesa. Segundo proclamou Manuel Lopes de Almeida nos habituais elogio e apresentação da cerimónia de doutoramento honoris causa, os estudos de P. D. permitem estabelecer a importância da “gente portucalense” na formação da “consciência política” do que haveria de ser Portugal, pondo em surdina a inevitabilidade geográfica e a vontade de um chefe.

Integrou-se totalmente no meio intelectual de Coimbra, como prova o seu Doutoramento honoris causa em Ciências Históricas. A cerimónia decorreu a 15 de Abril de 1951 na Sala Grande dos Actos, tendo P. D. sido apresentado pelo Arcebispo Primas D. António Bento Martins Jr., que em nome do doutorando solicitou a sua investidura, conferida pelo Cancelário-Reitor. Não é de somenos que na mesma cerimónia igual título tenha sido concedido a outros dois notáveis intelectuais estrangeiros a trabalhar na mesma Universidade: Joseph M. Piel e Émile Planchard.

É de destacar o seu contributo no aprofundamento das relações intelectuais e académicas entre a sua pátria de origem e a sua pátria adoptiva: através do seu contributo no Bulletin des Études Portugaises, (em que colaborou entre 1942 e 1952) e ao qual imprimiu nova orientação, mas também do estímulo para a vinda de inúmeros leitores de francês para Coimbra.

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