Não parece ter-se envolvido em polémicas científicas, muito embora haja testemunhos de que o cordial “abade” (como lhe chamavam em Coimbra) não poupava palavras duras quando estava em causa (entre outros poucos temas) a honorabilidade da investigação histórica. Terá sido o caso em redor da contestação de António Nogueira Gonçalves ao seu estudo sobre a sé velha de Coimbra, ou a posição que assumiu perante algumas teses de Rodrigues Lapa nas Lições de Literatura Portuguesa. Época Medieval, então reeditadas.

Mais se adivinha do que se prova o recorte político de P. D, mas foi, sem dúvida, muito mais do que um eclesiástico erudito alheado do mundo e da complexidade das opções de vida. Pierre Hourcade define-lhe duas fidelidades: a Igreja e a França. Com base nisto, o pouco que conhecemos situa-se nos anos posteriores a 1939. Apesar do encargo recebido pelo governo de Vichy atrás mencionado, diz-nos Pierre Hourcade que desde Junho de 1940 era conhecida a posição patriótica e de simpatizante dos Aliados, da qual nunca abdicou. Aliás, o periódico Le Dauphiné Libéré, chama-lhe “uma das mais nobres figuras da Resistência”. Como atrás ficou escrito, P. D. era, por isso, forte candidato a ser enviado para um campo de concentração e foi quase como asilado político que ele vem para Portugal. Aqui, e até ao fim da guerra, usou de toda a sua prudência e bom conselho para gerir o precário equilíbrio dos antagonismos, dando bons conselhos a membros da comunidade francesa que lhos pediam, evitando conflitos e honrando a hospitalidade do governo português. Ainda que mantendo a discrição, parece ter-se integrado nas elites coimbrãs afectas ao Estado Novo, integrando a renovação científica daquela instituição nos anos pós guerra. No Arquivo da PIDE/DGS (Torre do Tombo) não existe qualquer boletim de P. D.

Destacamos a sua pertença a diversas associações culturais de que fez parte: Membro da Academia Polaca das Ciências e Belas-Letras (1934); Cavaleiro oficial da Ordem Polónia Restituta (Order Odrodzenie Polski, 1932); Membro da Academia do Delfinado e da Sociedade Humberto II para a História do Delfinado; Cavaleiro e Oficial da “Légion d’honneur” (respectivamente em 1934 e 1951); Oficial da Instrução Pública (França, Janeiro de 1927; Membro Correspondente do Instituto de Coimbra (1946). Foi eleito Académico de Mérito da Academia Portuguesa da História a 29 de Julho de 1949, sob proposta do 1º vice-presidente, José Maria de Queiroz Veloso. Foi o primeiro estrangeiro a ser eleito e único, durante muitos anos.

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