Como opositor do parlamentarismo, viu na Ditadura Militar a possibilidade de superar a crise política que arrastava o regime demoliberal. Contudo, cedo se desiludiu com a falta de rumo e, principalmente, com a falta de uma liderança política forte por parte dos novos governantes. É nesse sentido que vai participar numa gorada tentativa de golpe de estado (12-08-1927), acabando por marcar o fim da sua intervenção política activa.

Fidelino de Figueiredo destacou-se no panorama historiográfico português quando aos 22 anos publica o ensaio O Espírito Histórico (1910). Segue-se a fundação da Sociedade Nacional de História, depois Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos (1911), cujo objectivo era a renovação dos estudos históricos em Portugal. Marcado pela influência historiográfica de Alexandre Herculano, Fidelino desenvolveu o seu trabalho numa dupla vertente: combater a concepção positivista dominante, ao rejeitar a verdade objectiva e intemporal e, por outro lado, criar um corpus metodológico baseado na relatividade do conhecimento histórico e na relação entre o passado e o presente. Nesse sentido, por influência das ideias de H. Berr, fomentou a produção de obras que sintetizassem o conhecimento adquirido baseadas nesta perspectiva.

Assumido o papel da subjectividade na História (B. Croce), Fidelino valorizou a intervenção do historiador no processo através da utilização de uma sólida base documental e da aplicação de uma metodologia específica, afastando-se dos modelos pré-definidos de análise histórica. Este método criou um novo quadro conceptual que se organizou a partir do conceito de evolução (H. Spencer), tendo em conta as «variações temporais» e as «sucessões causais» (visão diacrónica). Sendo o facto histórico único e irrepetível (não havendo leis mas nexos de causalidade), o papel do acaso ou a não previsão adquire particular relevo (influência de Oliveira Martins). Nesse sentido, a crítica é assumida como elemento epistemológico, particularmente como método (“a crítica como ciência”), em que se destacam a análise e a síntese. Esta última confere à memória do passado durabilidade e permanência, evitando-se o esquecimento.

Fidelino fez ainda a ligação da História com a Vida (Paul Bourget), tornando a História utilitária, isto é, a História constituiu-se como «ciência da vida», como denominador comum a todo o conhecimento, cabendo à Literatura o papel de síntese final desta concepção, ao aglutinar o conhecimento do Homem no seu contexto, com a experiência da própria Vida. Por isso, as “verdades históricas” seriam apenas aproximativas, meras aspirações relativas ao tempo em que são produzidas, uma vez que os factos não podem ser aferidos pela repetição.

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