No plano da aplicação da metodologia à História e à Crítica Literária, Fidelino procurou as causas dos fenómenos que explicam a sua evolução, determinando as características essenciais do que considerava ser a «arte superior»: em primeiro lugar, a beleza estética, particularmente na forma; em segundo lugar, a verdade, no que respeita aos conteúdos; e, finalmente, a utilidade, no que se refere à sociedade (para quê?).

No que respeita ao tempo histórico, Fidelino apresentou uma estrutura integrada de periodização, organizada de forma hierárquica descendente ou, se preferirmos, em círculos concêntricos. O primeiro patamar (ou círculo) é constituído pelas «Eras», grandes períodos de tempo. No segundo nível estavam as «Épocas», que se integravam nas «Eras». Seguem-se os «Períodos», que constituíam gradações dentro das «Épocas» e, finalmente, os «Ciclos», que eram variações curtas de tempo. Fidelino utilizou esta estrutura temporal especialmente nas obras de síntese, com por exemplo na História Literária de Portugal (séculos XII-XX).

Na fase final da sua vida Fidelino voltou a reflectir sobre o conceito de História. Nessa altura designou a História como «história integral», em que coexistem dois planos ou níveis: um superficial, dos factos episódicos que se sucedem, recolhidos sensorialmente, e outro, que respeita uma realidade mais profunda, aquilo a que designou por «infra-história», o que efectivamente determina a história superficial.

Fidelino foi um defensor da conservação e da valorização das bibliotecas e dos espólios nacionais e locais, em especial os afectos à Igreja, procurando que a aplicação da Lei da Separação do Estado das Igrejas não levasse à destruição desses acervos documentais. Nesse sentido apelou ao desenvolvimento do espírito histórico como forma de salvaguardar a memória e a identidade nacionais, perante a vaga de neofilia (“anti-histórica”) após o 5 Outubro de 1910 (O Espírito Histórico, 1910). Foi também com esse espírito que nasceu a Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos (1911-1928), acompanhando a criação de Sociedades Históricas noutros países, no âmbito do movimento nacionalista europeu surgido desde meados do séc. XIX. A SPEH tinha no seu periódico, a Revista de História, a forma de divulgar os estudos que iam sendo realizados sobre História nacional e local, dando a conhecer os problemas da sociedade portuguesa numa perspectiva histórica e, por essa via, fundamentar as tomadas de opções políticas por parte do poder. A SPEH constituiu-se também como pólo de convergência de personalidades nacionais e estrangeiras ligadas à História de Portugal, de diferentes quadrantes políticos mas unidas numa base nacionalista e conservadora. O trabalho realizado, através da publicação da Revista de História e da organização de uma Biblioteca de Estudos Históricos Nacionais, não teve paralelo durante este período e nos períodos seguintes - Ditadura Militar e Estado Novo. Coube a Fidelino de Figueiredo, Secretário da SPEH e Director da Revista, o papel maior na implementação deste projecto.

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