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CIDADE, Hernâni António | |||||||||||||
Quanto a De D. João VI aos nossos dias, trata-se do quarto volume da História de Portugal da ‘Ontem e hoje’ — nesta coleção da Lello há livros de Rocha Martins, Aquilino Ribeiro, João de Barros e o próprio Cidade publicará Bocage (1936) —, sendo os outros tomos de Ângelo Ribeiro, o primeiro e o terceiro, e de Newton de Macedo, o segundo. Mantém-se a concatenação eficiente das peripécias, de que resulta o ritmo rápido, pontuado por interrogações que facilitam o entendimento da lógica dos acontecimentos, percebendo-se a intenção de acolher um público abrangente. Surgem breves alusões ao contexto da enunciação, que visarão esclarecer o leitor se não forem entendíveis como críticas irónicas à atualidade: “como hoje a Rússia soviética” serve para termo de comparação com a França de inícios do XIX, também ela “animada do proseletismo a que incitam ideais que ainda, nos embates da realidade, não esgotaram as suas virtualidades ou patentearam as suas deficiências” (p. 7); a “a própria Gazeta Nacional” sucede o aposto “o Diário do Govêrno do tempo” (p. 6); Costa Cabral é equiparado a “alguns dos grandes chefes actuais de vida europeia” por ter sido “desordeiro até o momento em que lhe foi possível impor a sua ordem” (p. 58). Este Cidade da História, ou talvez o dos anos trinta, é mais realista quanto aos defeitos portugueses do que o das outras disciplinas — veja-se o registo resignado com que retrata a desorganização portuguesa aquando das Invasões Francesas ou quase todos os reis —, enquanto coincide na assunção de tipos por nação ou época — D. Miguel, por exemplo, seria “popularíssimo resumo das virtudes e defeitos do Portugal antigo” (p. 45). Cada um dos capítulos que compõem o livro — “Dissolução do Absolutismo”, “A Implantação do Regime Liberal”, “Acalmia Política”, “Implantação da Rèpública” — termina com síntese sobre “Vida cultural”, em torno de literatura e artes plásticas, onde o discurso se torna valorativo e as conclusões concordam com o que vemos mais elaborado em outros estudos do autor. Em “Contribuição portuguesa para a mundividência de quinhentos” (Revista da Faculdade de Letras de Lisboa, XVII, 1951, pp. 45-72) reserva para Portugal a primazia nos conhecimentos de náutica que possibilitaram “o maior século da história” e justifica enquanto atos individuais a violência no contacto com os indígenas; louva a difusão cultural entre os povos nativos, “o esforço português pela chamada do bárbaro e do selvagem à nossa cultura e civilização” (p. 57); o artigo traz notas, o que não acontece em muitos trabalhos de Cidade. |
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