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Para Aubin, tratava-se igualmente de estudar a sociedade portuguesa e o “lugar de Portugal na Europa por volta dos anos 1500” (Ibid.) porque, igualmente segundo as suas palavras, “uma historiografia convencional tinha levado a negligenciar o estudo da sociedade política [portuguesa] da época das Descobertas” (Ibid.). Essa linha de investigação, associada ao seu método de “confronto sistemático das relações entre as crónicas e os dados das diferentes peças de arquivos” (Geneviève Bouchon, « Introduction », in : Le Latin et l’Astrolabe, 2000: p.10), permitiram a Aubin dar um contributo importante aos estudos políticos e sociais do reinado de D. Manuel I através de artigos que alargaram e renovaram os conhecimentos sobre figuras históricas como Duarte Galvão, Vasco da Gama e Damião de Góis. Todos esses vultos do século XV e XVI português apareceram assim na nossa historiografia “sob uma nova perspetiva, com as suas famílias, bens, prestígio dos serviços prestados ou segredos do seu passado” (Ibid.). O livro Le Latin et L’Astrolabe (1996-2006), publicado por iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian e da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos, é nesse sentido fundamental para medir o exaustivo trabalho realizado por Aubin nos arquivos da corte e da nobreza portuguesa. Os dois primeiros volumes da obra reúnem todos os artigos escritos pelo historiador a partir de 1959 sobre a história de Portugal na Índia, enquanto o terceiro volume, publicado a título póstumo em 2006 e organizado por Luís Filipe Tomaz, agrupa os estudos de Aubin dedicados a D.João II, assim como os capítulos limiares da biografia de D. Manuel I, que o estudioso não pôde terminar pois viria a falecerem 1998. Finalmente, Le Latin et L’Astrolabe, também não deixa de ilustrar o interesse constante de Aubin pela história comparada do império persa e do mundo luso-indiano, interesse esse que o levou, nomeadamente, a criar as revistas Mare Luso-Indicum (1971-1980) eLe Monde Iranien et l’Islam (1971-19174). Deste modo, além do seu contributo decisivo para os estudos sobre a presença portuguesa na Índia, Aubin explorou edemonstrou incontestavelmente a capacidade dos arquivos e das crónicas portuguesas em dar conta de realidades sociais e económicas que escapam às fontes orientais e, de assim, “dar a conhecer de forma mais precisa a expansão religiosa e política do Islão nos países do Oceano Índico da qual os portugueses foram testemunhas prolixas” (Ibid.). |
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