No seu manuscrito Subsídios para o estudo da fala popular algarvia (1936), afirma que o estudo da dialectologia em Portugal começou mal e está muito atrasado. A classificação dialectal elaborada por Leite de Vasconcelos servia de referência, desde a publicação de Esquisse d’une dialectologie portugaise, em 1901, e baseava-se na existência de um certo número de fenómenos diferentes, fonéticos, morfológicos ou lexicais. Estanco Louro argumenta que este princípio de classificação era o mesmo de Jeronymo Contador de Argote e remontava a 1725, às suas Regras da língua português e questionava «Pergunto agora – se Argote e mesmo o Sr. Dr. Leite de Vasconcelos conhecessem, quando escreveram os seus livros, o que hoje está publicado em livros e revistas, jornais, etc., por exemplo, sobre o falar algarvio, estabeleceriam a mesma classificação?» (fl. 1)

Contudo, Estanco Louro não pretendia estabelecer uma nova classificação dialectal mas contribuir, com a sua recolha e reflexão, para um conhecimento mais objectivo da dialectologia e para a futura organização de um atlas linguístico. Defende a sua tese alicerçando-se no Atlas de Guillerion, e defendendo o pressuposto de que o fenómeno da fala não se podia limitar à correspondência das palavras com os étimos, com excepções aparentes por analogia. Havia que ter em conta «a larga influência que exercem no facto linguístico o espírito e o ambiente ou vida social», sem contudo se cair «em diletantismos, a descambar por vezes, em curiosidades ingénuas e primitivas, como em parte tem acontecido à filologia, onomatologia, etnografia, etc.» (fl.3). Imbuído da sua formação positivista, Estanco Louro almejava, através da aplicação correcta da geografia linguística, «conseguir o domínio do fenómeno linguístico, pela determinação de todas as leis que o regem (.…) obedecendo ao processo científico de indução. (…) Sem o conhecimento tão íntimo e perfeito quanto possível da nossa fala popular, nos campos fonético, sintáctico, semantológico, lexical, etc., é vã, arbitrária e por isso hipotética ou provisória, qualquer classificação dialectal, com seus sub-dialectos e variedades» (Idem).

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