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Após um longo labor de quinze anos, Bataillon, com 42 anos, consagra-se, em 1937, doutor de Estado na Sorbonne com uma tese que será logo imediatamente publicada: Érasme et L’Espagne. Recherche sur L’Histoire Spirituelle du XVIe Siècle . Esta tese será a magnum opus do hispanista francês (tem mais de 800 páginas), tendo tido um considerável impacte no mundo hispânico (a primeira tradução para castelhano foi feita no México e publicada em 1950, numa versão actualizada e aumentada pelo autor). Esta obra perspectivou uma Espanha do século XVI a partir do pensamento de Erasmo e a sua influência e difusão nesse território em articulação com outros pólos extra-europeus, como o Novo Mundo. A tese de Bataillon insere-se dentro da história das ideias, e conquanto fosse próximo de historiadores dos Annales , como Fernand Braudel, distinguiu-se na sua abordagem historiográfica. Com efeito, o hispanista francês defendeu, em Érasme et L’Espagne , que a Espanha teve, no reinado de Carlos V, uma oportunidade de se reformar precisamente quando o erasmismo se tornou conhecido e apreciado nas elites intelectuais espanholas. O isolacionismo que se seguiu com Filipe II levou a que a Espanha rejeitasse o Renascimento europeu e deste modo entrasse em decadência.A esta visão negativa não deve estar ausente o início da guerra civil em Espanha, no ano de 1936, tendo Bataillon afirmado na conclusão que “La crise du capitalisme moderne fomente des guerres civiles non moins cruelles que la crise de l’Église catholique au XVIe siècle. De nouveau l’ombre des guerres de religion plane sur l’Europe ” ( Érasme et L’Espagne. Recherche sur L’Histoire Spirituelle du XVIe Siècle , 1937, pp. 848-849). Bataillon advogou que o erasmismo foi um movimento intelectual e espiritual significativo em Espanha, tendo desempenhado um papel crucial no contexto das reformas religiosas e culturais da época, antes de ser suprimido pela Contra-Reforma e pela Inquisição. A obra sublinha a complexidade do Renascimento em Espanha e o papel central de Erasmo na formação de uma espiritualidade que buscava o equilíbrio entre a reforma e a ortodoxia católica. Ainda que este movimento tivesse sido reprimido, o hispanista demonstrou que o erasmismo influenciou posteriormente figuras como Juan de Valdés, humanista que Bataillon também estudou. No mesmo ano de 1937, passa a ensinar Língua e Literatura Espanholas na Faculdade de Letras da Sorbonne, cargo que vai desempenhar até 1945. Fruto do seu passado como membro do Comité de vigilância dos intelectuais antifascistas e da Liga Internacional dos Combatentes pela Paz, vai ser detido a pedido da Gestapo no dia 30 de Junho de 1941, tendo ficado aprisionado no campo de internamento de Royallieu-Compiègne entre 1 de Julho e 15 de Agosto do mesmo ano. Também em 1941, Bataillon publicou no Bulletin Hispanique o artigo “Pérégrinations espagnoles du Juif errant”, um estudo que, ao relacionar o judeu errante espanhol a Juan de Voto a Dios com o seu equivalente alemão Ahasvero (que era usado como propaganda anti-judaica), nota que este último constitui uma tradução do primeiro, entretanto vulgarizada na Alemanha do século XVII (cf. mais em J. Lafaye, Un humanista del siglo XX. Marcel Bataillon , 2014, p. 29). |
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