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A sua influência estendeu-se igualmente à historiografia portuguesa. José V. de Pina Martins foi um admirador confesso da obra de Bataillon, tendo outros nomes, como Vitorino Magalhães Godinho e Jorge Borges de Macedo, sido influenciados pela obra do erasmiano. Magalhães Godinho, cujos primeiros contactos e amizade com Bataillon foram essenciais nos anos iniciais dos seus estudos em França, ressaltou a obra Érasme et L’Espagne como uma das obras-primas da historiografia do século XX, mormente no que tange ao subsídio que deu ao desenvolvimento da história da cultura. O historiador português também reconheceu a influência de Bataillon nos seus estudos relativos à Expansão Portuguesa. No que respeita a Jorge Borges de Macedo, a presença do hispanista francês percorre a sua obra, sendo principalmente evidente em Os Lusíadas e a História (1979) e em Damião de Góis et L’Historiographie Portugaise (1982). Na primeira obra, é perceptível a auctoritas de Bataillon no que toca à interpretação da história cultural portuguesa no tempo de Camões, enquanto no segundo estudo é discernível a sua influência na análise do pensamento de Damião de Góis e o seu enquadramento na cultura humanista do século XVI. O legado de Marcel Bataillon foi enormíssimo. A obra seminal Érasme et L’Espagne continua a ser continuamente editada. Os inúmeros estudos de homenagem que foram editados em honra do erasmiano comprovam a perenidade do seu legado académico. Não só foi homenageado em França (1979; 2004) e na Espanha (1998), como também foi, em 1975, editado pelos Arquivos do Centro Cultural Português , um volume de homenagem pelo seu octogésimo aniversário. Foi também honrado com duas biografias: uma intelectual de Lafaye (2014), e outra mais pessoal por parte do seu filho, Claude Bataillon (2009). É, com efeito, reconhecido como sendo um dos maiores hispanistas de sempre. Noutro registo, mas igualmente modelar do legado de Marcel Bataillon, foi a sua tolerância tanto do ponto de vista académico quanto pessoal. Essa mesma tolerância foi testemunhada por dois académicos portugueses. Jorge Osório, numa notícia de homenagem ao hispanista francês, (“Marcel Bataillon”, Humanitas , n.º 29-30, 1977-1978, pp. 265-266), salientou a capacidade do hispanista francês de receber as achegas daqueles que seguiam linhas de investigação diferentes das suas. Já José de Pina Martins, num artigo de homenagem a Bataillon, apoiou-se no seu testemunho enquanto amigo e colega do académico francês (“Marcel Bataillon (1985-1977) et la Culture Portugaise”, Arquivos do Centro Cultural Português , 1977, pp. 13-14). Pina Martins confidencia, numa conversa que teve com o hispanista em frente à catedral de Notre-Dame, que Marcel Bataillon defendia que a paixão ideológica era perigosa quer para a serenidade crítica do julgamento, quer para a ciência. Revela ainda o académico português que não obstante Bataillon não esconder as suas tendências de esquerda, mantinha relações cordiais com pessoas com opiniões diametralmente opostas às suas, numa manifestação de tolerância. É demonstrado, deste modo, que não só a obra de Marcel Bataillon deve ser perenemente considerada, mas também o seu humanismo, que longamente extravasou as fronteiras do século XVI hispânico. |
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