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Na extensa obra do hispanista francês, contam-se 60 títulos relacionados com Portugal (v. a lista completa da bibliografia portuguesa de Marcel Bataillon em José V. de Pina, “Marcel Bataillon (1985-1977) et la Culture Portugaise”, Arquivos do Centro Cultural Português , 1977, pp. 25-31). O seu interesse por Portugal parece ter coincidido com a sua chegada ao nosso país no ano de 1922. Nesse mesmo ano, o académico francês faz uma recensão, para o Bulletin Hispanique , da obra O Renascimento em Portugal: Clenardo , da autoria do futuro Cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira. Nesta recensão, Bataillon ressalta a novidade da obra de Cerejeira, mormente ao elogiar a tradução para português das cartas do humanista. Outras recensões críticas relativas a autores portugueses, publicadas no Bulletin Hispanique , evidenciam o interesse que demonstrava não só pela cultura renascentista portuguesa, mas também pelo século XIX português. Saliente-se, a título de exemplo, duas análises de obras de António Sérgio: uma contendo uma análise à obra de Joaquim Pedro de Oliveira Martins e uma introdução histórica à História de Portugal (1924), e outra em que Bataillon recenseia uma antologia de economistas portugueses organizada pelo polemista português (1925). Nesta primeira recensão, o hispanista elogia a prosa de António Sérgio, considerando-o um dos mais importantes escritores da literatura portuguesa, tendo assinalado a visão do historiador português em relação ao isolamento dos povos peninsulares e a profundidade filosófica com que indagou a vida e obra de Oliveira Martins. Na segunda recensão, Bataillon elogia o trabalho de António Sérgio ao ter publicado uma obra de história económica, uma área que, segundo o hispanista, era negligenciada em Portugal. O académico francês escreveu, mais tarde, recensões críticas relativas às histórias da cultura e literatura portuguesa de autoria de António José Saraiva (1948). Em 1927, Bataillon publica o primeiro artigo relacionado com Portugal, um estudo em que indaga acerca da opinião que Erasmo teria da corte e da governação portuguesas. Seguiu-se um conjunto de artigos que foram compilados e editados em 1952 pela Universidade de Coimbra sob o título Études sur le Portugal au temps de l’Humanisme . Esta obra foi reeditada pela Fundação Calouste Gulbenkian em 1974, com a adição de um estudo e um anexo, tendo ainda incluído o prefácio de José V. de Pina Martins. Ressaltamos os seguintes títulos desta última edição: “La Mort D’Henrique Caiado”; “Les Portugais Contre Érasme à L’Assemblée Théologique de Valladolid (1527)”; “Humanisme Chrétien et Littérature. Vivés Moqué par Resende”; “Damião de Góis et Reginald Pole”; Le Cosmopolitisme de Damião de Góis” (o único artigo de Marcel Bataillon que foi traduzido para português, primeiro em 1938 numa edição dos Cadernos da Seara Nova , e depois em 1974, numa 2.ª edição a cargo da editora República); e “Jeanne D’Autriche, Princesse de Portugal”. Nota-se, nestes artigos, por parte do erasmiano francês, a filologia em diálogo com a história das ideias, mostrando-se Bataillon especialmente interessado em Damião de Góis, sobretudo no que diz respeito à sua relação com Erasmo e o cosmopolitismo que ambos partilhavam. Os artigos coligidos nesta obra demonstram a evolução do pensamento historiográfico de Bataillon. Enquanto nos primeiros artigos o hispanista francês defende a tese de uma oposição radical entre o Renascimento e a Contra-Reforma, tendo igualmente advogado que o erasmismo foi rapidamente suprimido em Portugal, nos textos mais tardios evoluiu para uma concepção mais moderada da Contra-Reforma e mesmo das acções da Inquisição, procurando-as situar na história do século XVI. Ressalte-se igualmente a introdução e notas que Bataillon fez para a edição da Imprensa da Universidade de Coimbra do fac-simile do Diálogo de Doctrina Cristiana de Juan de Valdés, a partir de um exemplar da Biblioteca Nacional (1925), e ainda um artigo para o Bulletin des Etudes Portugaises , em que o hispanista francês aborda, segundo uma perspectiva de filosofia da história, a interpretação que o Padre António Vieira fez de Isaías no que tange à Expansão Portuguesa no Brasil (1964). O académico francês colaborou ainda na revista O Instituto , a Revista da Universidade de Coimbra e a Revista da Faculdade de Letras de Lisboa . |
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