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Pelo largo fôlego e diversidade de matérias que pretendia abarcar - história peninsular, história nacional e ultramarina, história de Roma, antropologia, mitos religiosos, demografia, temas de economia e finanças, etc. -, a colecção constituiu um projecto sem precedentes no meio cultural português da Regeneração, com o objectivo de generalizar todo um conjunto de saberes entre um público alargado. O empreendimento editorial ficaria marcado pelo autodidactismo de Oliveira Martins, uma curiosidade científica sem limites e um bem evidente pendor interdisciplinar e globalizante que o afastaria da posição de Herculano no que respeita à posição analítica deste último e à sua argumentação liberal. Esse autodidactismo é afinal indissociável do próprio percurso biográfico e profissional do historiador e à sua propensão para a acção. Na verdade, devido à morte do seu pai, Martins não chegou a concluir o curso liceal e cedo se dedicou à actividade profissional como empregado em duas casas comerciais (1858-70). Exerceu depois funções de administrador de uma mina, na Andaluzia (Santa Eufémia, 1870-74) (Fernandez Clemente, “J. P. d’Oliveira Martins nas minas…” 2008). Nesse tempo foi retratado do seguinte modo: “No seu rosto, rasgado a traços largos e francos, e em que testa tinha nitidez e serenidade da luz matutina, cintilavam os olhos verdes, da cor da lágrima, vagos e misteriosos. Nunca se viu homem mais triste sorridente, nem sorriso tão tristemente luminoso” (Frederico D. d’ Ayalla, Os ideais de Oliveira Martins, p.32). De novo em Portugal, dirigiu a construção da linha ferroviária do Porto à Póvoa e Famalicão e foi administrador da respectiva Companhia ferroviária. Entretanto era eleito presidente da Sociedade de Geografia Comercial do Porto (1880) e depois nomeado diretor do Museu Industrial e Comercial do Porto (1884). Exerceu ainda as funções de administrador da Régie dos Tabacos (desde 1888) e da Companhia de Moçambique (1888-90) e fez parte da comissão executiva da Exposição Industrial Portuguesa (1888). |
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