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PRAÇA, José Joaquim Lopes | |||||||||||||
A contestação dá lugar ao pessimismo e as transformações mais radicais procuradas pela geração de 70 vão declinar para um reformismo próximo do estado e do sistema implantado. Os Vencidos da Vida que surgem no final dos anos 80 princípio dos 90 espelham esse clima, fazendo a reforma pela via legal, pelas instituições (Oliveira Martins intentara dinamizar sem sucesso a Vida Nova). O desgaste do sistema político bem como da monarquia é evidente, o combate mais radical e a perseverança nas críticas ao regime vai estar do lado dos republicanos que lentamente se erguem, enquanto as principais figuras da geração de 70 se vão integrando no sistema político e abandonam a via revolucionária, de inspiração proudhoniana e socialista, do seu programa evolucionista de transformação das consciências, ou mesmo até a via contestatária. É neste contexto que Lopes Praça é valorizado pelo seu historial de moderação. O conservadorismo que se depreende dos seus escritos apela também à abertura e a novas ideias capazes de dar suporte ao regime monárquico. Deve ser assinalado contudo que algumas das suas ideias sociais e políticas se podem dizer avançadas para a época. Estas poderão ser melhor capturadas se retomarmos o percurso do jovem Lopes Praça, recém-formado em direito e professor do ensino secundário. Montemor-o-Novo foi eixo nevrálgico por onde a sua história passará, nessa vila fora nomeado professor vitalício de português, latim, francês e administração e economia rural. Ainda hoje o apreço que possui na terra é manifesto. Conhecera aí a sua mulher, Elisária Eugenia da Mata e Costa pertencente a uma família nobilitada, e em louvor a ela escrevera A Mulher e a vida ou a Mulher Considerado debaixo dos seus Principais Aspectos (1872). Nessa obra temos naturalmente o peso do catolicismo e da educação tradicional, mas vai para além desses valores ao reflectir sobre o lugar da mulher na sociedade, procurando elevá-la da sua posição subserviente, equiparando-a ao homem nas suas capacidades cognitivas e na liberdade que deve ter, ao insistir no aspecto formativo da mulher. Podemos contrastar esta posição próxima do movimento sufragista feminino inglês, com a de J. P. Oliveira Martins, adepto do socialismo, procurando solução para as chagas sociais da sociedade moderna. |
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