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PRAÇA, José Joaquim Lopes | |||||||||||||
Nos seus artigos em A Província a leitura negativa que faz sobre a liberdade política da mulher, sendo contrário ao seu sufrágio, é bem diferente da de Lopes Praça que na sua obra defende o sufrágio feminino (este interessante aspecto suscitou já uma dissertação de mestrado de Helena de Fátima Gonçalves de Castro, com o título Emancipação da Mulher e Regeneração Social... , 2000). O estudante de direito vai estar activo nas organizações estudantis, já nesse tempo escreve para algumas publicações académicas como A Academia ou A Revista de Legislação e Jurisprudência. Essa colaboração periódica prossegue no jornal portuense A Harpa com um artigo acerca de Krause e como já vimos também A Renascença viu um artigo seu a lume. Não se divorcia portanto da sociedade ao trilhar o seu caminho e ao criticar a atitude de retiro da vida pública de Alexandre Herculano, umas das suas referências, dá-nos os traços da sua própria actuação juvenil bastante activa. Após o abalo do regicídio de 1908 a sua vida vai tomar no entanto um rumo semelhante à de Herculano, volta a Montemor-o-Novo, raramente sai de casa, divide o seu tempo entre a família e leituras. Mantém correspondência por exemplo com Ferreira Deusdado ou Tiago Sinibaldi e do que então escreveu limitou-o à sua esfera privada, sabemos tão só da repugnância que a sociedade lhe suscitava. Era desde 1904 com um sentido de missão, professor de filosofia do príncipe real. Os seus ensinamentos estão então mais próximos da religiosidade católica, na linha do neotomismo de Sinibaldi, cujo manual foi o guia para a educação do príncipe. A dedicação com que exerceu a carreira docente e a prudência de um homem de letras para com os problemas que Portugal atravessava, revendo-se na monarquia, levam-no até essa posição. Saber quem foi José Joaquim Lopes Praça implica um percurso que nos leva ao tempo de um homem consciente do seu tempo, como demonstra a sua repetida formulação na História da Filosofia em Portugal e em A Mulher e a Vida de que aquilo que é “foi o que podia ser”. É essa condição de possibilidade assente naquilo que é, que o leva a criticar a seu ver utopias políticas como as delineadas pelos socialistas, a ler a história em perspectiva e a traçar à sua maneira novos horizontes de possibilidade. |
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