| A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z | Estrangeiros | |||||||||||||
Já o texto da sua tese de licenciatura utilizara argumentos históricos do Direito português. De igual modo, o quadro de Instituições de Direito Civil Português (1842, com oito edições até 1917) não deixa de conter uma dimensão histórica, melhor dizendo, de temporalidade. A singularidade do Ensaio… reside na sua dimensão propriamente historiográfica, pois C. da R. não se limitou a atribuir uma tradição, uma razão de antiguidade ao Direito Pátrio. O texto apresenta uma narração articulada do passado, introduz uma ideia de história com fortes implicações metodológicas. Ainda que concebido dentro da tradição universitária, a narrativa apresenta uma inovação formal reconhecidamente marcada pelo liberalismo e pelas novas formas científicas. Nos escritos de C. da R., a preocupação pedagógica conflui directamente para um ideal liberal de leitor, estudante e cidadão implicado, não permitindo mais que “ocupando-se assim em aprender as vidas dos reis, quando deviam estudar a história da nação”, se continuasse a coarctar o “nexo dos acontecimentos”, ao mesmo tempo que a atenção e interesse do leitor eram dispersados e insatisfeitos (Ensaio… 1896, p.XXI). Com estes argumentos, o Ensaio tornou exuberantes, do ponto de vista de uma ciência histórica, as falhas narrativas de Melo Freire, atribuídas à censura e à sua adesão ao ideário da soberania despótica. |
|||||||||||||