A revista Análise Social entrou em 2020 no seu 55º volume de publicação. Desde a fundação em 1963 até dezembro de 2019 publicou um total de 233 números trimestrais (sendo alguns duplos e triplos). Com uma única interrupção temporária de publicação regular nos anos de 1974 e 1975, por razões de natureza financeira, a Análise Social é um caso raro de sucesso e longevidade no panorama das revistas portuguesas de ciências sociais. O seu atual estatuto editorial contempla a história como um dos domínios matriciais de publicação, sendo também classificada como revista de história (para além das ciências sociais) em sistemas de indexação internacionais. A revista é publicada trimestralmente em versão impressa e eletrónica, estando o seu conteúdo disponível em acesso aberto e gratuito: http://analisesocial.ics.ul.pt/ A revista é propriedade do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa desde 1982. Trata-se de uma pertença institucional que se enraíza nos antecedentes diretos do ICS. Durante os primeiros 20 anos de publicação (entre 1963 e 1982) foi propriedade do Gabinete de Investigações Sociais (GIS), instituição de pesquisa avançada em ciências sociais que deu origem ao ICS. O GIS e a Análise Social estiveram integrados no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (ISCEF), depois designado Instituto Superior de Economia (ISE), da Universidade Técnica de Lisboa, entre 1963 e 1975. A partir de 1976 (Vol. XII, nº 45), e até ser incorporada (com o GIS) nas estruturas da Universidade de Lisboa em 1982 (Vol. XVIII, nº 70), a Análise Social teve existência institucional autónoma, com o apoio financeiro da Fundação Calouste Gulbenkian, da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT) e do Instituto Nacional de Investigação Científica (INIC). O período aqui considerado (1963-1974) abrange um total de 40 números publicados (Vol. I, nº 1, janeiro de 1963 a Vol. X, nº 40, dezembro de 1973). Note-se que, apesar de indicar data anterior à Revolução de Abril de 1974, o nº 40 só foi impresso em março de 1975. Teve quase sempre como diretor José Pires Cardoso, jurista, político e professor de direito comercial e direito corporativo com fortes ligações ao regime político autoritário do Estado Novo, tendo mesmo exercido o cargo de Ministro do Interior durante dois escassos meses em 1958. A sua proteção e cobertura políticas foram cruciais para que a Análise Social se consolidasse como projeto editorial associado a uma instituição de investigação inovadora na área das ciências sociais. Com efeito, o GIS e a Análise Social foram instituídos após a extinção do Revista do Gabinete de Estudos Corporativos (1949-1961), igualmente dirigida por José Pires Cardoso, procurando eliminar os constrangimentos ideológicos de uma instituição idealizada para legitimar um modelo renovado de corporativismo económico e social. O novo enquadramento institucional proporcionado pelo GIS (formalmente criado em 1962 na dependência do ISCEF) criou condições favoráveis a uma viragem significativa no modo de abordagem de temáticas sociais contemporâneas, explorando uma visão crítica sobre as situações de subdesenvolvimento económico e social que os membros do GIS diagnosticavam. Para tal, socorriam-se dos ensinamentos e instrumentos proporcionados pelas ciências sociais, mantendo todavia uma solução diretiva formal que tolerava um programa de pesquisa potencialmente perturbador da ordem estabelecida. |
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