Análise Social, Revista do Instituto de Ciências Sociais da U.L, Lisboa,
(1963-1974)
4 / 6
Os autores acima referidos tinham ligação direta ao GIS e ao seu programa científico. Mas a Análise Social também abriu as suas páginas a historiadores não integrados na equipa de investigação ligada à escola de economia da Rua do Quelhas. Foi o caso de Miriam Halpern Pereira que publicou na Análise Social o seu primeiro trabalho académico, extraído da tese de doutoramento de 3º ciclo que acabara de concluir em Paris, sobre demografia e desenvolvimento em Portugal na segunda metade do século XIX (Vol. VII, nº 25/26, 1969). E foi ainda o caso de Joel Serrão que preparou um pequeno ensaio sobre a história da emigração portuguesa (Vol. VIII, nº 32, 1970). Em ambos os textos encontramos também uma perfeita articulação entre as perspetivas históricas em que se situam e as preocupações prevalecentes no GIS e na Análise Social sobre as temáticas do desenvolvimento económico e da emigração.
Outro autor sem ligação ao GIS que assinou um dos estudos históricos publicados nesta fase foi o brasileiro José Albertino Rodrigues que dedicou um ensaio ao tema da ecologia urbana de Lisboa na segunda metade do século XVI (Vol. VIII nº 29, 1970), em convergência com a motivação e interesse da revista na área de estudos sobre a cidade, a habitação e o urbanismo.
Entre os mais jovens investigadores com ligação ao GIS, que então preparavam as suas dissertações de doutoramento, contava-se Vasco Pulido Valente, que terá sido o primeiro a abrir uma linha de publicação em que a história não servia como mero instrumento ou narrativa auxiliar ao serviço de uma agenda de âmbito social global. Disso são prova os dois artigos que publicou na Análise Social sobre as classes trabalhadoras na Iª República (Vol. IX, nº 34, 1972) e sobre a “Revolta do grelo” e movimentos sociais no final da monarquia (Vol. X, nº 37, 1973). Foram trabalhos inaugurais de uma linha de pesquisa que viria a ter continuidade na investigação histórica levada a cabo por este historiador e outros seus colegas do GIS e, mais tarde, do ICS.
A finalizar a descrição deste pequeno lote de 13 artigos históricos publicados pela Análise Social entre 1963 e 1974, refiram-se os três trabalhos que César Oliveira dedicou à imprensa operária portuguesa no século XIX (Vol. X, nº 39, 1973), ao movimento operário durante a guerra de 1914-1918 (Vol. X, nº 40, 1973) e aos ecos da revolução russa na imprensa portuguesa (Vol. X, nº 40, 1973). Estes artigos também tiveram caráter anunciador de interesses de pesquisa que o GIS e a Análise Social viriam a consolidar na década seguinte.